Protagonista de disputas no Senado

Correio Braziliense
postado em 26/11/2021 00:01

Sul-mato-grossense de Três Lagoas, Simone Tebet (MDB) trilhou, até aqui, caminho muito parecido com o do pai, o ex-senador Ramez Tebet, por meio de quem deu os primeiros passos na vida pública. Envolvida nas reuniões políticas do pai desde pequena, foi quem, dos quatro irmãos, herdou o legado. Como Ramez, Simone sempre foi filiada ao MDB. Ambos foram prefeitos, deputados estaduais, vice-governadores e chegaram ao Senado. Ele ocupou a presidência da Casa de 2001 a 2003, em uma construção finalizada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).

O político alagoano era o presidente quando Simone chegou a Brasília, em 2015, e providenciou que ela herdasse o gabinete que foi ocupado pelo pai. Anos depois, ela protagonizaria com Renan disputas que marcariam reviravoltas no poder na capital do país e sedimentariam o perfil austero, combativo e pragmático da senadora.

Em 2019, ela disputou na bancada a indicação do partido à Presidência do Senado e foi derrotada pelo correligionário em um atrito que a fez ameaçar deixar a sigla. Em reação, declarou apoio a Davi Alcolumbre (DEM-AP), que impôs a maior derrota já sofrida por Renan e desalojou o MDB do comando do Congresso.

Dois anos depois, Simone renovou o ímpeto de presidir a Casa. Desta vez, optou pelo pragmatismo e contou com o apoio de Renan, que mobilizou parte do gabinete para ajudar a correligionária a enfrentar Rodrigo Pacheco (então no DEM e, hoje, no PSD-MG) - a sintonia se repetiria na CPI da Covid. Novamente, foi vencida na bancada. Concorreu de forma avulsa e perdeu por 57 votos a 21. Os aliados consideraram o resultado bastante satisfatório.

O lançamento da pré-candidatura de Tebet expõe uma disputa antiga dentro de um partido marcado pelo caciquismo e governismo. Uma parte, puxada pelo ex-senador Eunício Oliveira (CE), quer se reaproximar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outra, defende o governo de Jair Bolsonaro no Senado e no conjunto do Congresso, com os líderes Fernando Bezerra (PE) e Eduardo Gomes (TO).

"O MDB precisa fazer reuniões para todos conhecermos as intenções do partido, mas é bom ter o nome de uma mulher para encarar uma disputa nacional", disse a senadora Rose de Freitas (MDB-ES), primeira mulher a ocupar vaga na Mesa Diretora do Senado. "Neste momento político em que estamos, com uma pessoa na Presidência e outra que já foi presidente querendo disputar, é tarefa árdua viabilizar a terceira via. Só se todos tiverem desprendimento político de discutir o país."

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