A indicação de Marcelo Crivella para assumir a embaixada brasileira na África do Sul foi retirada, ontem, pelo presidente Jair Bolsonaro. O ex-prefeito do Rio de Janeiro, cujo nome foi apresentado em julho — conforme o Correio adiantou — dependia da aprovação das autoridades de Joanesburgo, que não se manifestaram e, com isso, não deram o agrément, condição para que ele assumisse a representação diplomática.
A indicação de Crivella era, sobretudo, uma manobra de aproximação com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e de seu chefe, o bispo Edir Macedo — que controla o Republicanos, partido da base do governo. O ex-prefeito tinha como principal missão contornar a crise da seita em Angola, onde a Justiça local expulsou do país os representantes da Iurd.
O governo até trabalhou por Crivella. Em julho, o vice-presidente Hamilton Mourão foi despachado para a capital angolana, Luanda, a fim de tentar quebrar junto ao presidente João Lourenço as resistências à Universal. Já Bolsonaro chegou a manter contato com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, em favor de Crivella. As duas tentativas foram infrutíferas.
Denúncias
África do Sul e Angola concentram várias denúncias contra a Universal, na qual o ex-prefeito ocupa alto posto na hierarquia. A ida de Crivella para Joanesburgo fazia parte de uma agenda da Iurd em tentar frear os bispos dissidentes, que acusam os brasileiros de lavagem de dinheiro, vasectomia forçada e acusações de racismo.
Procurado pelo Correio, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que "não se manifesta sobre pedido de agrément antes de sua concessão por governo estrangeiro".
Com o agrément — que é quando um país pede autorização para um diplomata exercer funções em outra nação — ignorado, o prefeito do Rio Eduardo Paes se divertiu com a situação de Crivella, ao qual sucedeu no Palácio da Cidade. Nas quatro línguas faladas na África do Sul, escreveu, ontem, no Twitter: "Oh! Não! Maldade com o Rio! Oh! No! Meanness to Rio (english) Awu!Hhhayi! Ukuhlukunyezwa e Rio (zulu) O! Nie! Gemeen na Rio (africâner)".
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