Após flertar com diversos partidos, o presidente Jair Bolsonaro retornou ao Centrão, ao sacramentar a filiação ao PL. No evento em Brasília, o chefe do Executivo destacou que a ida para a sigla foi uma "escolha difícil", mas agradeceu a confiança nele depositada pela nova casa. O discurso foi dirigido, principalmente, ao presidente da legenda, Valdemar Costa Neto — condenado e preso no escândalo do mensalão — e a líderes de outros partidos, como o PP e Republicanos.
"A filiação é uma passagem para que nós possamos pleitear algo lá na frente. Estou me sentindo em casa", disse Bolsonaro, colocando a mão no ombro do presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL).
O chefe do governo destacou sua intenção de compor bancadas para "fazer melhor pelo Brasil", afirmou. Ele aproveitou para criticar o PT, dizendo que sua gestão "tirou o Brasil da esquerda" e que "as cores verde e amarelo predominam sobre o vermelho".
Desde que iniciou a carreira política, em 1988, Bolsonaro já passou por oito partidos, entre eles o PP.
Se o chefe do Executivo adotou um discurso moderado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aproveitou a sua filiação ao partido para atacar pré-candidatos à presidência nas eleições de 2022: o ex-juiz Sergio Moro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Juntos vamos vencer o vírus (da covid-19), vamos vencer qualquer traidor e qualquer ladrão de nove dedos, pelo bem do Brasil", disparou.
Também assinou a ficha de filiação ao PL o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Ele deve concorrer ao governo do Rio Grande do Norte ou ao Senado.
O evento contou a presença de outros ministros, como Ciro Nogueira, da Casa Civil; Flávia Arruda, da Secretaria de Governo e presidente do PL-DF, Fabio Faria, das Comunicações; e Paulo Guedes, da Economia; além do senador Jorginho Mello (PL-SC) e da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Aguiar, a capitã cloroquina.
Discordâncias
A cerimônia de filiação estava marcada, inicialmente, para o dia 22 do mês passado, mas foi adiada. Uma das discordâncias entre Bolsonaro e o PL foram os apoios estaduais. Em São Paulo, por exemplo, o partido fechava com Rodrigo Garcia (PSDB), e o chefe do Planalto pediu a dissolução do acerto. Ele também informou que a entrada no partido incluiu a indicação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para a disputa do governo de São Paulo. Bolsonaro também pretende indicar o ministro da Cidadania, João Roma, para governador da Bahia.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ressaltou o compromisso da sigla em trabalhar em prol da reeleição do chefe do Planalto.
"Nós vamos filiar alguns ministros parlamentares ligados ao bolsonarismo. Já temos muitos no nosso partido. Então, haverá uma distribuição dessas lideranças para consolidação da aliança, que é importante para o presidente Bolsonaro", frisou.
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