2ª Turma do STF mantém foro de Flávio

Correio Braziliense
postado em 01/12/2021 00:01

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, ontem, para rejeitar o recurso movido pelo Ministério Público do Rio contra a decisão da Justiça fluminense que garantiu foro privilegiado ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e transferiu o inquérito das rachadinhas para segunda instância.

O julgamento ocorreu depois de sucessivos adiamentos que o fizeram aguardar mais de um ano na fila. O placar foi de três votos a um.

Relator da reclamação, Gilmar Mendes considerou que o recurso não poderia ser reconhecido porque o MP do Rio perdeu o prazo para recorrer da decisão no Tribunal de Justiça do estado. Ele frisou que o voto "não alcança qualquer questão relativa ao exame de mérito, autoria e materialidade" das acusações contra Flávio. O magistrado foi seguido pelos colegas Ricardo Lewandowski e Kassio Nunes Marques.

O ministro Edson Fachin ficou isolado na divergência e votou para conhecer a reclamação. Ele concluiu que a decisão do Tribunal de Justiça do Rio violou o entendimento traçado pelo STF para restringir o foro privilegiado a crimes cometidos no exercício do mandato e em razão do cargo.

A investigação que atinge o senador foi desidratada por uma sequência de decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que anulou a maior parte das provas colhidas em primeiro grau por considerar o juízo incompetente. O trabalho desenvolvido ao longo de dois anos pelo MP do Rio ainda poderia ser salvo se o Supremo derrubasse o acórdão da Justiça do Rio que mandou a investigação para segunda instância, o que, na prática, esvaziaria as decisões do STJ, que tiveram como paradigma a transferência do caso e o reconhecimento do foro.

Flávio Bolsonaro é acusado de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro, ao lado do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema, e outros 15 ex-assessores. Na denúncia apresentada em novembro do ano passado, o Ministério Público apontou que a organização criminosa supostamente comandada pelo filho do presidente desviou R$ 6.100.091,52 dos cofres da Assembleia Legislativa do Rio, pela retenção de pagamentos de 12 "funcionários fantasmas". O processo, no entanto, está praticamente parado desde que o Tribunal de Justiça do Rio garantiu foro especial ao senador e transferiu a investigação para segunda instância. A própria denúncia ainda não foi analisada.

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