Poupança volta a ter regra antiga

Bernardo Lima* CRISTIANE NOBERTO
postado em 09/12/2021 00:01
 (crédito: Estadão Conteúdo)
(crédito: Estadão Conteúdo)

Líder das pesquisas de intenção de voto para o Planalto, em 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, ontem, seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro, pela recusa em adotar o passaporte da vacina.

"Ele (Bolsonaro) precisa criar responsabilidade e permitir que as pessoas sejam obrigadas a apresentar o teste de vacinação, para proteger a sociedade brasileira", afirmou o petista em discurso no encerramento do 9º Congresso da Força Sindical. "Afinal de contas, surgiu um vírus novo, que a gente não sabe a magnitude dele."

A declaração ocorreu um dia depois de o governo ignorar a orientação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não exigir o comprovante de vacinação de viajantes que chegam ao país (leia mais na página 6). Aos sindicalistas, Lula responsabilizou Bolsonaro por "pelo menos metade das pessoas que morreram" nesta pandemia.

Lula também defendeu o perdão da dívida de estudantes inadimplentes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e cobrou o retorno de garantias trabalhistas eliminadas nas últimas gestões. O ex-presidente pediu para que os sindicalistas não se iludam com o ministro da Economia: "Esse (Paulo) Guedes jamais pensou em benefícios para o trabalhador", reclamou.

Sobre a candidatura, Lula declarou que está com disposição para voltar ao Planalto e "fazer mais do que fez" em suas primeiras gestões. Ele cobrou que sindicalistas concorram nas eleições de 2022: "Quem tiver condições de se eleger deputado não pode se negar a ser candidato".

Radicalização

Diante da curva descendente nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro tem reforçado o discurso mais radical, a exemplo do que fez em 2018. A intenção é manter os seus eleitores mais fiéis com frases de efeito e ataques a outros pré-candidatos. Neste momento, ele mira no seu ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que tem avançado sobre o eleitorado bolsonarista. Nesta semana, por exemplo, chamou o ex-juiz de idiota e disse que ele nunca abriu a boca numa reunião ministerial. Também enfatizou que o rival "não aguenta 10 segundos de debate".

Segundo Matheus Albuquerque, sócio da Dharma Politics, Bolsonaro segue padrões de conduta muito específicos e, em 2018, foi bem-sucedido em dialogar com parcelas da sociedade mais conservadora. "Com o avizinhamento das eleições de 2022, o presidente recorre ao seu modo de operar, tentando vocalizar as preferências de seu eleitorado mais cativo. Faz isso para se manter competitivo na disputa, sobretudo diante da potencial migração de votos do eleitorado mais conservador para Sergio Moro", destacou.

Para Sérgio Praça, professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais do CPDOC (FGV-RJ), a campanha do presidente vai ser bem difícil. "Não é certeza que ele irá para o segundo turno. Quase sempre, fala algo em público que é radical ou criminoso. Ele tende a falar mais coisas radicais quando está nervoso e inseguro. Talvez, a estratégia desse discurso seja garantir espaço na mídia a todo momento", frisou.

* Estagiário sob a supervisão
de Cida Barbosa

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags