Bolsonaro volta a atacar passaporte da vacina

Luana Patriolino
postado em 12/12/2021 00:01
 (crédito: Isac Nóbrega/PR)
(crédito: Isac Nóbrega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar a exigência do passaporte da vacina no país e, sem qualquer evidência científica, insinuou que os imunizantes contra a covid-19 podem causar efeitos colaterais graves, como trombose e embolia. A declaração foi dada à imprensa no Rio de Janeiro, ontem, durante evento de guardas-marinha.

"Um caso que está sendo estudado agora: o deputado (federal) Hélio Lopes, meu irmão, está baixado no hospital, com embolia. Parece ser efeito colateral da vacina. Vamos aguardar a conclusão", afirmou.

Sem provas, Bolsonaro também disse que a irmã de um médico conhecido teve trombose no pé após tomar um imunizante contra o novo coronavírus. "Tem acontecido efeito colateral. Vocês já leram a bula dessas vacinas? Na Pfizer está escrito: não nos responsabilizamos por efeitos colaterais", relatou o presidente.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), efeitos colaterais leves, como febre baixa ou dores musculares, são comuns após a vacina. Algumas pessoas, porém, podem experimentar efeitos adversos menos comuns e reações alérgicas graves, caso de anafilaxia — que têm sido relatadas de forma extremamente rara. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os eventos adversos mais comuns após a vacinação são dor no local da aplicação, fadiga, cefaleia (dor de cabeça), dor muscular, calafrios, dor nas articulações e febre.

Bolsonaro também acusou governadores de serem "autoritários" por conta das medidas sanitárias para o controle da disseminação da covid-19. "Ômicron já está no Brasil. É uma realidade. Não temos como você falar: vamos bloquear os voos de tal país para cá se não tiverem vacinados. Repito: vacinado contrai o vírus? Vacinado transmite o vírus?", enfatizou. "No que depender de mim, tinha só o PCR. É mais efetivo do que a vacina. A vacina não impede que se contamine e se transmita o vírus."

Hidroxicloroquina

O chefe do Executivo voltou a defender o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença. "Eu tomei hidroxicloroquina e, se me contaminar de novo, tomo outra vez. Não só eu, milhares de pessoas fizeram a mesma coisa. Quem já tomou vacina pode se reinfectar? Pode. Respeito a autonomia do médico", disse.

O presidente também sustentou que nenhuma nação combateu a pandemia tão bem como o Brasil. O país acumula mais de 616 mil mortes desde o início da crise sanitária. Os diagnósticos positivos para a doença superam os 22 milhões.

"Mente descaradamente quem fala que o governo não comprou vacina no ano passado. No ano passado, não tinha uma só dose à venda. A primeira dose foi aplicada em dezembro no Reino Unido", afirmou. "Quarenta, 50 dias depois, começamos a aplicar a primeira dose aqui. Quem comprou todas as vacinas foi o governo federal. Ninguém no mundo fez um combate tão efetivo como nós."

O evento de que Bolsonaro participou foi uma cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha e entrega de espadas da turma Capitão-de-Fragata Luis Barroso Pereira, uma formatura de aspirantes da Marinha.

Ele estava acompanhado do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e dos ministros Walter Braga Netto (Defesa), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência).

Leia mais sobre passaporte da vacina na página 6

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