Eleições

Alvo da PF, Ciro ataca Bolsonaro

Ex-ministro estaria envolvido em esquema de corrupção. Ele acusa presidente de tentar minar sua candidatura ao Planalto

LUANA PATRIOLINO TAISA MEDEIROS
postado em 16/12/2021 00:01
 (crédito: AFP / Mauro Pimentel)
(crédito: AFP / Mauro Pimentel)

O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) e o irmão dele, o ex-governador do Ceará Cid Gomes, foram alvos de uma operação da Polícia Federal, ontem, para apurar um suposto esquema de corrupção envolvendo as obras da Arena Castelão — que passou por uma reforma para receber a Copa de 2014.

A força-tarefa, batizada de Operação Colosseum, apura a suspeita de fraudes e pagamento de propinas a agentes políticos e servidores públicos envolvendo as obras no estádio de Fortaleza, entre 2010 e 2013. A Justiça também determinou a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dos envolvidos, inclusive, dos irmãos Gomes.

Segundo a PF, as investigações apontam para um "possível pagamento de vantagem indevida para que a Galvão Engenharia obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo governo do estado ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do estádio".

Foram deslocados 80 policiais federais para a força-tarefa, com o objetivo de cumprir 14 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Meruoca, Juazeiro do Norte, no Ceará; São Paulo (SP), Belo Horizonte e São Luís. As ordens foram expedidas pelo juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª Vara Federal Criminal no Ceará.

A apuração ainda indica que o valor da concorrência foi de R$ 518 milhões, procedente, em parte, de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Apurou-se indícios de pagamentos de R$ 11 milhões em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas", disse a PF em nota.

"Estado policial"

Ciro Gomes se manifestou pela internet e negou envolvimento com corrupção. O presidenciável falou em perseguição e afirmou que o país vive em um "Estado policial". "Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um país democrático. Mas depois de a Polícia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado policial que se oculta sob falsa capa de legalidade", postou no Twitter.

Cid Gomes também criticou a PF. "Eu sintetizaria numa palavra o que eu considero isso: uma molecagem. O que fizeram hoje (ontem) foi uma molecagem, que tem toda uma narrativa", frisou. "A Polícia Federal é uma instituição ultrarrespeitada, ultrarreconhecida, tem, ao longo da sua história, prestado relevantes serviços ao país, mas, lamentavelmente, isso tem de ser denunciado. Ela está sendo, por sua direção, completamente aparelhada."

Os irmãos Gomes receberam o apoio de políticos, entre eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — alvo de continuadas críticas do presidenciável. "Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem serem intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitados", escreveu o petista.

Ciro agradeceu o apoio, também pela rede social. "Obrigado, presidente Lula. O Estado policial de Bolsonaro é uma ameaça à democracia e a todos os democratas. Me considero na obrigação de dar todos os esclarecimentos necessários, em respeito ao povo brasileiro, e o farei", postou.

A ex-presidente Dilma Rousseff também se solidarizou, afirmando que repudia o "arbítrio e a perseguição a eles". "Como cidadãos brasileiros, merecem ser tratados com o respeito às leis vigentes no país", disse a petista.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da CPI da Covid, também prestou solidariedade aos irmãos Gomes. "O que aconteceu hoje (ontem) é inadmissível em um Estado democrático de direito. Todo cidadão merece ter seus direitos e garantias asseguradas e respeitadas", ressaltou.

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