O Partido Verde (PV) anunciou, ontem, apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto em 2022. A legenda também aprovou a criação de federação com PSB, PCdoB e PT, em reunião com presidentes estaduais da legenda.
O presidente nacional da legenda, José Luiz Penna, diz que a chapa de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) representa "a frente democrática que vai vencer o autoritarismo, tirando Jair Bolsonaro da Presidência da República". Em 2017, Penna foi secretário da Cultura do Estado de São Paulo no governo Alckmin.
Aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições do ano que vem, as federações partidárias permitem que dois ou mais partidos se unam para atuar como uma só legenda política no pleito e na legislatura. Porém essa junção precisa durar pelo menos os quatro anos do mandato legislativo e seguir as mesmas regras do funcionamento parlamentar e partidário.
Caso alguma legenda deixe a federação antes do prazo, sofrerá punições, como a proibição do uso do fundo eleitoral. Outra exigência é de que as federações tenham abrangência nacional.
Segundo Penna, a articulação com o PT ainda depende de composições regionais, principalmente em São Paulo e Pernambuco. "Mesmo que não haja a federação com o PT, caminharemos juntos contra o autoritarismo", enfatizou.
Na sexta-feira, o diretório nacional do PT aprovou a abertura das negociações com PSB, PCdoB, PV e PSol para a formalização da união, com vistas às eleições de 2022. No partido, ainda há resistência e muitas dúvidas sobre o funcionamento da federação na prática. A sigla voltará a discutir o tema em fevereiro.
Ao Correio, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o objetivo é formar uma frente ampla da esquerda no Congresso. Mas, mesmo assim, segundo ele, a iniciativa enfrenta resistências.
"Há muitas preocupações se o PT vai deixar de eleger parlamentares em outros estados, fazendo concessões. Mas, em geral, o debate foi positivo. Acho que há clima que possa permitir a realização da federação, dependendo das discussões que estão por vir", afirmou.
Chapa
Na avaliação do deputado federal Afonso Florence (PT-BA), a aliança Lula-Alckmin tem sustentação política e pode agradar ao eleitorado. "É um momento de reconstrução do país, da sua normalidade institucional. Essa hipótese de aliança que existe está na agenda de ambos. É um movimento histórico. É a retomada da normalidade democrática", aprovou.
Felipe Calabrez — doutor em administração pública e governo pela Fundação Getulio Varga (FGV) — afirmou que a presença de Alckmin na chapa foi pensada de forma estratégica para garantir trânsito e diálogo com outros setores. No entanto, no quesito urnas, o nome do ex-governador não é tão atraente para as disputas eleitorais. "A força que alguém que foi do PSDB tem, hoje, é muito pequena. Alckmin não é alguém que vai trazer votos", ressaltou.
O cientista político Leonardo Queiroz Leite, também doutor em administração pública e governo pela FGV, disse que "o primeiro nó é que, hoje, Geraldo Alckmin ainda não tem um partido oficializado". "As últimas declarações do Kassab (Gilberto Kassab) dão a entender que ele não vai para o PSD e vai para o PSB, do Márcio França. O primeiro movimento no xadrez é saber qual será o partido do Alckmin", comentou. "Outro problema é como se vão resolver as composições nos estados. Hoje, o que amarra a situação do Alckmin indefinida é a disputa em São Paulo, porque Lula tem todo interesse em emplacar um candidato como o (Fernando) Haddad."
* Estagiário sob a supervisão
de Cida Barbosa
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