A aprovação do Orçamento de 2022 com previsão de R$ 1,7 bilhão para reajustar os salários de policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários federais provocou uma grita geral de servidores não contemplados com o aumento.
Auditores fiscais da Receita Federal reagiram com indignação ao que chamam de falta de reconhecimento e preparam a entrega coletiva e imediata de cargos no órgão. Cerca de 200 servidores já aderiram ao movimento. "Adicionando insulto à injúria, recursos da própria Receita Federal serão cortados para satisfazer os reajustes acordados com as carreiras policiais, numa demonstração de absoluto desrespeito à administração tributária, que, como nunca, tem se empenhado para prover a sustentação financeira do Estado brasileiro", enfatizou o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco). "A Receita Federal não merece e não pode ser humilhada mais uma vez. Somente uma reação em uníssono da Casa pode mostrar ao mundo político a nossa força e o nosso poder de indignação."
Em nota, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis) manifestou repúdio aos termos do relatório do Orçamento. A entidade reconheceu a importância das polícias federais, mas alegou "perplexidade" com a decisão de "conceder reajuste apenas aos membros dessas carreiras, ignorando completamente mais de 1 milhão de servidores públicos que tiveram seus salários corroídos pelo aumento galopante da inflação desde a última recomposição, há cinco anos".
"Assim como os servidores da PF e PRF, os servidores do Congresso Nacional e TCU, como tantos outros, tiveram seus vencimentos corrigidos pela última vez ainda em 2016. Estão na mesma situação os profissionais da saúde e da educação. O que justifica, portanto, esta injusta e insensível escolha do governo", diz o comunicado.
O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) também protestou. "O BC é um órgão essencial para a estabilidade econômica do país. Contudo, nos últimos anos, não houve, por parte do governo federal, o reconhecimento dessa importância na forma de melhorias remuneratórias. Os reajustes devem ser para todas as carreiras, não só para os policiais federais", afirmou Fábio Faiad Bottini, presidente da entidade. De acordo com funcionários do banco, "o reajuste salarial apenas para os servidores de segurança traria uma assimetria injusta e cruel". Além disso, "poderia provocar não só uma animosidade dentro do funcionalismo, que piora o clima e a cultura organizacional".
Reclamação também surgiu por parte da Associação Nacional de Advogados Federais. Segundo Lademir Rocha, presidente da entidade, o impacto da inflação sem reajuste vai reduzir o poder de compra da categoria. Ele frisou, ainda, que as duas últimas correções dos advogados federais foram em 2017 e 2019.
"Isso é perda consolidada, a inflação voltou e, no ano que vem, a perspectiva é de que seja ainda maior. Mas não há nenhum índice no Orçamento prevendo reajuste para a categoria. Isso gera efeito em cadeia. O consumo dessas pessoas vai diminuir, e o foco será em gastos essenciais", destacou.
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