Discurso anticorrupção ainda atrai

Correio Braziliense
postado em 24/12/2021 00:01
 (crédito:  Crédito:Assessoria/Divulgação)
(crédito: Crédito:Assessoria/Divulgação)

A cientista política Ana Carolina Evangelista aponta outra forma de chamar a atenção do eleitorado evangélico: o discurso de combate à corrupção. "Essa resposta antissistema, fora do sistema, me parece uma camada importante de acesso à população. Um pouco dessa descrença na política ainda é forte, então que seja um candidato que consiga minimamente se identificar com o "eu sou fora desse sistema corrompido" tem uma responsabilidade importante", acrescentou.

Um candidato que se destaca nesse sentido é o terceiro colocado nas pesquisas, Sergio Moro (Podemos), ex-juiz da Operação Lava Jato. Em seu discurso, como promessa da terceira via, ele tem buscado abocanhar o mesmo eleitorado — inclusive, evangélico — de Bolsonaro. Para isso, tem mantido diálogo com lideranças religiosas para colher informações e incorporar elementos em um futuro programa de governo, que está em montagem. "Uma coisa importante já conversada é que a forma como ele [Moro], no papel de presidenciável vai lidar com os fiéis, em geral, não será como alguns candidatos fazem — a coisa do toma lá, dá cá, ir a um culto pra fazer de palanque eleitoral. Será um relacionamento onde as pautas e parte do programa do governo seja democrático e com vistas ao bem comum", definiu Uziel Santana, ex-presidente da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) e convidado para ser coordenador do núcleo evangélico da campanha do ex-jurista.

O histórico da Anajure acumula uma atuação forte em fazer com que os evangélicos participem não só do poder Executivo e Legislativo, mas também do Judiciário. Segundo Uziel, as conversas com lideranças religiosas seguem no sentido de aumentar o apoio e a colaboração entre o poder público e as igrejas nas questões sociais. "O segmento evangélico se encontra em boa parte órfão, porque todos nós depositamos muita expectativa no governo Bolsonaro. Primeiro pelo anti-PT, depois pela pauta do combate à corrupção e pelo respeito às liberdades civis e fundamentais, incluindo as pautas morais. De repente, o governo abandona por completo a anticorrupção e promove todo o velho patrimonialismo e fisiologismo", criticou Uziel.

"Vivemos um vácuo. No seu relacionamento conturbado com o Congresso e Judiciário, não ouve essas pautas [liberdade religiosa], só bravatas, disse me disse, quando olha para os indicadores não há o que ser apresentado. Tenho dito que o Moro, por ser mais moderado e equilibrado, é a possibilidade mais concreta para derrotar os outros dois", destacou.

O advogado informou que a direção da campanha de Sergio Moro é pautar as questões sociais e o movimento de liberdade religiosa no país. Com esse objetivo, o pré-candidato do Podemos se reuniu, no mês passado, com congregações do grupo histórico, batistas, presbiterianas, adventistas, ligadas a Aliança Cristã Evangélica Brasileira, metodistas, congregações missionárias, como o Exército da Salvação e neopentecostais. Esse último segmento evangélico, de acordo com o coordenador Uziel Santana, é o mais preocupado com a volta do PT. (TA)

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