Três perguntas para

Rudinei Marques / presidente do Fonacate

Correio Braziliense
postado em 08/01/2022 00:01

A máquina pública vai mesmo parar em fevereiro?

Antes mesmo de a gente deflagrar a paralisação do dia 18, já vemos que o governo está começando a enfrentar situações graves, como a paralisação nos portos e aeroportos por causa da greve da Receita. Tem a greve dos auditores fiscais agropecuários, entrega de cargos de comissão no Banco Central e em outros lugares, que geram um grande problema administrativo. Isso causa incômodos. Tudo isso é sinal de que queremos conversar, mas não tivemos, até agora, uma resposta do Ministério da Economia, que tem a competência para conversar com os servidores. Se continuar assim sem uma resposta, não nos resta alternativa senão parar o país.

Como avalia a relação dos servidores com o governo atual em comparação com gestões anteriores?

Desde o governo Lula, em 2003, tivemos mesas permanentes de negociação entre sindicatos, associações e o Executivo. Essas negociações, durante muitos anos, mais de uma década e meia, foram realizadas de forma transparente, pública e republicana. Com o advento do governo Bolsonaro, as mesas deixaram de existir, não temos a quem recorrer, por isso, tivemos de anunciar uma mobilização para o dia 18 para abrir uma discussão com o governo.

O governo e diversos setores da sociedade costumam se referir aos servidores públicos como privilegiados, que estão buscando salários ainda maiores. Como recebe essas críticas?

Por parte do governo, o que a gente vê são promessas reiteradas do ministro Paulo Guedes de retomada econômica, e nada disso acontece. No nosso entendimento, não acontece porque os salários foram aviltados no Brasil, não só no setor público. Mais de 70 milhões, hoje, estão no desalento, desemprego ou informalidade, isso em função da reforma trabalhista que empurrou milhões para a informalidade. A retomada da economia não acontece, e uma das razões é essa. Sem dinheiro, não há economia que se recupere. É o dinheiro no bolso do trabalhador que faz girar a roda da economia. Os servidores têm de se mobilizar, assim como a iniciativa privada também. O país, para ir à frente, precisa tratar bem os trabalhadores tanto da iniciativa privada quanto pública. A luta é tão legítima quanto aqueles que buscam formalização, plano de saúde, remuneração, que lhes permita viver com dignidade, investir na própria educação e na de seus filhos. Isso é o mínimo.

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