A largada de Bolsonaro

Correio Braziliense
postado em 15/01/2022 00:01
 (crédito: Maurenilson Freire)
(crédito: Maurenilson Freire)

A nove meses da eleição, quem montou melhor a estrutura para a campanha que vem pela frente foi o presidente Jair Bolsonaro. Ele terá ao lado o seu partido, o PL; o PP, do "todo-poderoso" Ciro Nogueira; o Republicanos, do ministro da Cidadania, João Roma; e ainda contará, sob sua órbita, com o PTB. Significa que, diferentemente de 2018, terá espaço para mostrar seus feitos no horário eleitoral dos canais de tevê aberta.

Para completar, ainda tem as emendas e a máquina pública como sua maior vitrine, da mesma forma que Fernando Henrique, Lula e Dilma — todos reeleitos — tiveram no passado recente. Nesse sentido, os aliados do presidente estão confiantes de que, se ele moderar o discurso, a reeleição virá. Falta combinar com aqueles eleitores que, decepcionados, hoje buscam outros caminhos.

Minas de votos

As chuvas torrenciais que castigaram Minas Gerais, Goiás e outros estados, nos últimos dias, deixarão reflexos na disputa política que vem por aí. O governador de Minas, Romeu Zema, se prepara para dizer, com todas as letras, ao vivo e em cores, que o governo do presidente Jair Bolsonaro virou as costas para, por exemplo, ajudar a baixar a conta de luz das famílias afetadas pelas chuvas.

Oposição na lida

As críticas ao governo vão aumentar porque o Ministério de Minas e Energia se recusou a suspender a bandeira vermelha adotada por causa da crise hídrica. A oposição também partiu para cima. "É um deboche cobrar escassez hídrica de quem perdeu tudo e está com seu comércio embaixo d'água", diz o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), coberto de razão.

Pode isso, Arnaldo?

A estrada entregue, mês passado, pela Vale do Rio Doce, dentro do seu compromisso de restaurar a ligação entre Brumadinho e um distrito, foi por água abaixo.

Forte na cobrança

A bancada nordestina alerta, desde setembro, que o governo Jair Bolsonaro trabalha o desmonte do Banco do Nordeste (BNB). E, de lá para cá, avisa o deputado Danilo Forte (PSDB-CE), só aumentou a "bagunça". O principal banco de fomento da região está praticamente à deriva. "O banco não pode ser tratado como moeda de troca política. O Nordeste não aceitará o esvaziamento e o desmantelamento dessa instituição", afirma o parlamentar. Se não resolver logo, os problemas tendem a aumentar.

Enquanto isso, no Sul...

Na terra onde Bolsonaro espera bombar de votos, nem tudo são flores para o governo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, critica o decreto que deu ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a última palavra sobre a execução orçamentária. Petry entende que essa medida pode elevar a desconfiança na solidez fiscal do país. "Esse decreto fragiliza as instituições e prejudica a imagem da economia, pois pode diminuir o caráter técnico ao dar mais discricionariedade política nas decisões de alocação do orçamento público", enfatiza.

Doria, de novo/ O governador de São Paulo, João Doria, mais uma vez, sai na frente na vacinação contra covid. Ainda que tenha sido um ato simbólico, o estado começou a imunizar as crianças com comorbidade nesta semana. Os deputados tucanos têm dito que muitos até podem chamar o governador de marqueteiro, mas ele trabalha e faz questão de divulgar.

Vai ser guerra I/ O artigo do ex-ministro Nelson Barbosa, publicado na Folha de S.Paulo, com críticas ao legado do governo de Michel Temer (foto) foi prontamente rebatido por aliados do ex-presidente. "Querer ouvir quem entregou a maior queda do PIB, inflação de dois dígitos, destruição de estatais, um triste exército de 14 milhões de desempregados — sem que houvesse uma grande crise ou guerra no mundo a justificar tal desastre — criticar o legado do governo Temer me faz lembrar um ditado árabe muito cultivado no Brasil: 'Os cães ladram, e a caravana passa'. E sublinho: os cães foram deixados para trás", devolveu o deputado Fausto Pinato (PP-SP).

Vai ser guerra II/ Pinato considera que Barbosa "no afã de reconquistar a confiança de Lula, tenta, desesperadamente, agradar o cacique petista". "Ele só se esquece de que os dados, os fatos e o reconhecimento da importância histórica do governo Temer são muito maiores do que a sua tentativa pessoal de voltar ao poder."

Assim fica difícil/ Dadas as críticas do PT ao ex-presidente Michel Temer, salvo em alguns estados, os dois partidos não terão acordo eleitoral, este ano, na maioria dos entes federados e, também, para a Presidência da República. E, no segundo turno, a depender do resultado, muitos emedebistas planejam, desde já, umas férias para o período de campanha em meados de outubro.

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