Congresso

Zambelli recua e admite uso de dinheiro público para viagem aos EUA

Deputada justificou viagem para participar de marcha contra o aborto afirmando ter sido em missão oficial de "defender a vida". Com repercussão, parlamentar recebeu criticas dos próprios eleitores

Tainá Andrade
postado em 26/01/2022 18:45 / atualizado em 28/01/2022 19:25
Zambelli entrega presente com a inscrição 'Bolsonaro' ao fundador da rede social Gettr, Jason Miller -  (crédito:  Twitter/Reprodução)
Zambelli entrega presente com a inscrição 'Bolsonaro' ao fundador da rede social Gettr, Jason Miller - (crédito:  Twitter/Reprodução)

Carla Zambelli (PSL-SP) viajou aos Estados Unidos, no último sábado (22/1), para participar da Marcha Nacional pela Vida, contra o aborto, realizada em Washington. O problema é que a viagem foi financiada pelo dinheiro público, segundo a publicação da própria deputada federal nas redes sociais. Primeiro, ela havia dito ter sido com recurso próprio, mas recuou e admitiu ter viajado 

Parlamentar foi criticada, inclusive, pelos próprios eleitores, que não aceitaram bem o fato de ela ter usado verba pública para viajar. A justificativa dada pela deputada foi de que a Câmara dos Deputados a teria enviado em missão oficial. Segundo Zambelli, o intuito de sua participação na marcha foi o de “defender a vida”. Sobre as despesas, rebateu dizendo que as críticas são uma “desculpa esfarrapada dos apologistas da morte”.

No portal da Câmara dos Deputados consta que a viagem da deputada, ocorrida entre os dias 19 e 23 de janeiro, foi em missão oficial, com o objetivo de “participar do evento March for Life e de visita ao parlamento americano”. Nas despesas, foi somado o pagamento de quatro diárias e meia, totalizando R$ 10.939,68.

Ao responder às críticas na internet, a parlamentar disse a um internauta que "o trabalho do deputado também consiste em fazer intercâmbio com outros países sobre aquilo que fui eleita para defender: direito à vida e liberdade, dentre outras coisas". Para outro, ela se defendeu afirmando que "se você não entende a importância de se lutar contra o aborto de forma mundial, você não é, nem nunca será meu eleitor, neste caso: dane-se. Vai cobrar seu deputado".

Zambelli divulgou, nas redes sociais, um vídeo ao lado de Gustavo Gayer, youtuber goiano que alimenta um canal pró-Bolsonaro apontado pela CPI da Covid como um dos que mais lucraram com a disseminação de fake news sobre a pandemia. O local de gravação foi o Memorial Abraham Lincoln, em Washington. No post, ela citou o ex-presidente americano ao escrever "aqueles que negam liberdade aos outros não a merecem para si mesmos".

Resposta

Em resposta à matéria, a assessoria da deputada enviou nota para explicar os fatos. Afirma que Zambelli não "recuou" e que preza pela transparência do seu mandato.

"Diferentemente do que fora afirmado, a deputada não recuou de qualquer afirmação feita, uma vez que, prezando pela transparência de seu mandato, disse à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, em 18 de janeiro, que viajaria em Missão com passagens custeadas com recursos próprios e que haveria diárias custeadas pela Câmara, o que lhe é por direito regimental. Em 19 de janeiro, portanto na data seguinte, Carla Zambelli divulgou em sua conta no Instagram que recebera 04 diárias para a missão nos Estados Unidos", explica a nota.

A assessoria da deputada afirma, ainda, que essa é uma narrativa de militantes pró-aborto para desmoralizar a parlamentar. "A narrativa alardeada por militantes pró-aborto foi construída através de um "print" onde a deputada é questionada sobre as passagens aéreas, que de fato não foram custeadas com recursos públicos. Portanto, fica claro que a deputada Carla Zambelli mantém seu compromisso com seus eleitores, atuando sempre com transparência", conclui o texto.

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