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Bolsonaro cita PT para evitar PF

No pedido ao STF, AGU tomou por base ação do partido contra decisão do então juiz Sergio Moro de condução coercitiva de Lula

Ingrid Soares
postado em 30/01/2022 00:01
 (crédito: Alan Santos/PR)
(crédito: Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro exerceu o "direito de ausência" ao não comparecer, na última sexta-feira, ao depoimento que apura o vazamento de informações sigilosas durante uma live que apresentou, no ano passado. O agravo regimental foi entregue, pessoalmente, pelo advogado-geral da União (AGU) Bruno Bianco à delegada do caso, Denisse Ribeiro, em resposta à determinação do ministro Alexandre de Moares, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o chefe do Poder Executivo comparecesse à oitiva.

Para justificar a ausência, a defesa de Bolsonaro citou duas ações julgadas pela Corte, em 2018, que consideram inconstitucional a condução coercitiva e que fere o direito do investigado de ficar em silêncio e não produzir provas contra si próprio. A decisão de não comparecer ao depoimento, segundo o presidente, tem por base a decisão deste julgamento.

Bruno Bianco entregou à delegada um agravo regimental alegando que Bolsonaro teria o direito a se ausentar no depoimento, citando as mesmas decisões do STF sobre condução coercitiva. A fundamentação vem de uma ação movida pelo PT — quando o então juiz da Operação Lava-Jato, Sergio Moro, determinou a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se explicar nos processos do sítio de Atibaia e do triplex no Guarujá.

"Venho, respeitosamente, informar à Autoridade de Polícia Federal responsável pela condução das investigações do IPL nº 2021.0061542 que exercerei o direito de ausência quanto ao comparecimento à solenidade designada na Sede da Superintendência da PF para o corrente dia, às 14h, tudo com suporte no quanto decidido pelo STF, no bojo das ADPFs nº 395 e 444", diz trecho da justificativa da AGU.

O documento foi encaminhado ao STF com pedido para que o recurso fosse submetido ao plenário e para que o presidente não prestasse depoimento presencial. O ministro Moraes, porém, negou as requisições e reiterou que o presidente deve ir à oitiva.

Sem conflito

Bolsonaro, porém, não parece disposto a entrar em rota de colisão com o STF. Ontem, ao ser questionado sobre sua ausência ao depoimento na PF, o presidente desconversou.

"Está tudo em paz, tudo tranquilo aí, tá ok?", afirmou, depois de visita à Catedral Metropolitana de Brasília.

Outro indício de que Bolsonaro recuou em relação a um confronto com o STF foi a entrevista do ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, à emissora CNN. Nela, afirma que "não é o momento" para mais uma briga com o Judiciário.

Isso não tem importância nenhuma na vida do cidadão, para as pessoas que estão, hoje, querendo ter suas vidas de volta. Que a gente possa ter um país que possa gerar mais emprego e renda, que é o que importa. Essas disputas não valem a pena e nós vamos superá-las", observou Ciro, acrescentando que "é momento de respeitar o espaço de cada poder".

Também ontem, Bolsonaro compareceu à cerimônia de ingresso dos novos alunos do Colégio Militar de Brasília (CMB) — como sua filha Laura, de 11 anos, matriculada no 6º período.

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