Eleições

Doria enfrenta rejeição no próprio partido e de parte dos eleitores

Levantamento do Datafolha, de 16 de dezembro, apontou que ele tem 34% de rejeição, mesmo patamar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Gabriela Chabalgoity*
Taísa Medeiros
postado em 09/02/2022 06:00
 (crédito:  Marcos Vieira/EM/D.A Press)
(crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Com grande taxa de rejeição e baixa performance nas pesquisas de intenção de voto, o pré-candidato à Presidência João Doria (PSDB) deve ser o principal motivo para a debandada de parlamentares da sigla nos próximos meses.

Na pesquisa Quaest/Genial de intenção de voto para o primeiro turno das eleições de 2022 — divulgada em 12 de janeiro —, o governador de São Paulo apareceu com 3% das intenções de voto. Já levantamento do Datafolha, de 16 de dezembro, apontou que ele tem 34% de rejeição, mesmo patamar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, é rejeitado por 60%.

Em novembro, Doria venceu as prévias do PSDB contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Apesar disso, o racha dentro da legenda não foi resolvido.

Para o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), no entanto, a baixa performance nas pesquisas e a rejeição no partido são problemas que o governador paulista conseguirá contornar. “A rejeição a Doria não chega nem perto da rejeição a Lula e a Bolsonaro. Ele vai virar o jogo, porque tem muita coisa para mostrar, muito trabalho feito”, argumentou.

Eduardo Leite cogita uma migração para o PSD, e há indícios de que, caso a mudança se concretize, uma série de parlamentares acompanhará o gaúcho. “Na prática, tem muita intriga, tem muita divisão por parte dos adversários. Quando ele (Leite) entrou na regra do jogo, houve um acordo. Acho que será respeitado. Todo mundo concordou com as regras previamente”, enfatizou Izalci.
Um dos motivos apontados para a saída de parlamentares seria o temor de, na busca pela reeleição, eles serem impactados com o alto índice de rejeição a Doria.

Uma fonte no partido, no entanto, contestou que o governador seja a causa da debandada. “Isso não tem muito a ver com o Doria, mas, sim, com o fim das coligações, que causou essa insegurança”, relatou, sob a condição de anonimato. Segundo frisou, antes das prévias do partido, eram 10 os deputados que iam sair do PSDB. “Desses, pelo menos seis ainda continuam com a ideia de mudar, os outros quatro, não sei”, destacou.

Um deputado da sigla contou ao Correio que, de fato, planeja sair nos próximos meses. Mas garantiu que a decisão não tem a ver com a pré-candidatura de Doria. “Votei nele nas prévias até. A minha questão é paroquial, aqui no estado. Peculiaridades que eu tenho, que acho que, se eu sair pra dar uma oxigenada para um novo partido, melhoro minhas chances de vitória”, explicou.

O parlamentar ainda observou que a maior rejeição ao candidato do partido vem da bancada de Minas Gerais. “Tem muita gente que está com o Doria, sim. É mais o pessoal de Minas que está com rejeição a ele. Cada candidato vê, agora, sua questão pessoal, de coligação, de fundo partidário, como vai ser. Mas acho que ele vai crescer bem, tem uma equipe muito bem preparada”, avaliou. Apesar disso, o deputado acredita que índices baixos nas pesquisas, caso não sejam revertidos, podem prejudicar a legenda. “Porque o candidato puxa governador, puxa deputado… Tem que ter uma chapa forte.”

*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa

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