Perto de assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin afirmou, ontem, que uma das prioridades da Corte durante o seu mandato como presidente será enfrentar as “ameaças ruidosas do populismo autoritário”. Foi um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que há poucos dias voltou a atacar a Corte ao, mais uma vez, desacreditar o processo eleitoral com urnas eletrônicas.
“Enfrentaremos distorções factuais e teorias conspiratórias às quais, somadas ao extremismo, tentam atingir o reconhecimento histórico e tradicional da Justiça Eleitoral”, disse o ministro, na reunião da transição da gestão do ministro Luís Roberto Barroso. “Apesar do populismo autoritário, a democracia vai triunfar em 2022”, garantiu.
Segundo Fachin, uma das prioridades da Justiça Eleitoral, neste ano, é a segurança cibernética. “Há riscos de ataques de diversas formas e origem. Tem sido dito e publicado, por exemplo, que a Rússia é um exemplo dessas procedências. O alerta quanto a isso é máximo e vem num crescendo”, assegurou.
Para o ministro, “a guerra contra a segurança no ciberespaço da Justiça Eleitoral foi declarada faz algum tempo”. “Deixemos dito de modo a não pairar dúvida: violar a estrutura de segurança do Tribunal Superior Eleitoral abre uma porta para a ruína da democracia. Aqueles que patrocinam esse caos sabem o que estão fazendo para solapar o estado de direito”, alertou.
Os ministros Fachin e Alexandre de Moraes, eleitos presidente e vice-presidente do TSE, respectivamente, tomarão posse em 22 de fevereiro. Eles foram eleitos em plenário, por meio de urnas eletrônicas, em 17 de dezembro. A cerimônia marca o encerramento da gestão de Barroso, à frente da Corte desde maio de 2020.
Na semana passada, Bolsonaro se reuniu, no Palácio do Planalto, com Fachin e Moraes, que foram convidá-lo para a posse no TSE. O encontro durou cerca de 10 minutos e o presidente chegou a pedir um diálogo mais frequente com o Judiciário.
Mas, na live da última quinta-feira, Bolsonaro distorceu os fatos ao dizer que as Forças Armadas levantaram “dezenas de dúvidas” sobre o sistema eleitoral. Na verdade, os militares foram convidados pelo TSE a contribuir para o aperfeiçoamento do sistema eleitroral. (LP)
"Enfrentaremos distorções factuais e teorias conspiratórias (que) tentam atingir o reconhecimento histórico e tradicional da Justiça Eleitoral. Apesar do populismo autoritário, a democracia vai triunfar em 2022”
Ministro Edson Fachin, futuro presidente do TS
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