O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, ontem, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quebrou o sigilo telefônico de um ajudante de ordens dele. A medida teria sido tomada no inquérito que investiga se o chefe do Executivo divulgou informações sigilosas de uma apuração da Polícia Federal sobre ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Para mim foi uma surpresa quando recebemos por escrito um pedido de audiência do (Edson) Fachin (do STF), juntamente com o ministro Alexandre — que tem vários inquéritos contra mim —, contra meu ajudante de ordens. Foi quebrado sigilo telefônico do meu ajudante de ordens na questão de vazamentos, e isso permitiu a Moraes ter acesso à troca de mensagens entre mim e o ajudante de ordens", disse, em entrevista à Jovem Pan News.
Em resposta ao ministro, Bolsonaro destacou que sua agenda tem um grau de sigilo ultrassecreto e que a medida foi tomada para ter acesso às informações nacionais. "(Moraes) usou subterfúgio para chegar à minha pessoa", declarou.
Em resposta à declaração de Fachin ao Estadão, de que a Justiça Eleitoral "já pode estar sob ataque de hackers" — o ministro citou a Rússia como a origem da maior parte dessa ofensiva —, Bolsonaro frisou não saber o porquê do "ataque gratuito ao país onde o chefe de Estado está presente". O presidente estava em Moscou, quando da declaração do ministro, e se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin.
Forças Armadas
Bolsonaro aproveitou para reforçar que vai analisar os esclarecimentos emitidos pelo TSE diante das demandas das Forças Armadas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas (leia reportagem na página 4). "Ou nós vamos concordar, ou discordar totalmente, de forma técnica", disse. "Estamos aguardando o que as Forças Armadas dirão sobre os documentos que o TSE enviou."
A participação das Forças Armadas na preparação das eleições, desta forma na Comissão de Transparência, é inédita. Ela se dá a convite do TSE.
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