A Justiça do Distrito Federal recebeu a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro. "Diante da prova da materialidade e dos indícios de autoria que recaem sobre o denunciado, recebo a denúncia", escreveu o juiz Omar Dantas, da 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
Com o acolhimento da denúncia, Wassef passa a ser réu pelos crimes de injúria racial, vias de fato e racismo. Em outubro de 2020, ele foi denunciado por ofender uma garçonete de 18 anos, na pizzaria de um shopping do Lago Sul.
Na denúncia enviada pelo MPDFT à Justiça e obtida pelo Correio, a promotora Mariana Silva Nunes, do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NDH), pede que Wassef indenize a vítima em R$ 20 mil, para reparação de prejuízos pessoais, e em R$ 30 mil, a título de danos morais coletivos. Essa segunda quantia será revertida a instituição que atua no combate à discriminação racial, a ser indicada pelo Ministério Público. Não há possibilidade de acordo, por se tratar de um caso de racismo.
Ao Correio, Wassef negou as acusações. Afirmou que houve "fraude processual" e disse tratar-se de caso de "denunciação caluniosa". "Jamais proferi ofensa a quem quer que seja. Isso não existe. Querem que o falso depoimento seja transformado em um escândalo para me destruir. Sou vítima de denunciação caluniosa. A polícia nunca me ouviu. Ignorou três petições em que pedi para ser ouvido, para mostrar que sou vítima de crime. Em vez de oferecer denúncia, devolveram o inquérito. A polícia não fez nada e engavetou meu inquérito. Houve, ainda, troca de promotora, que ofereceu denúncia sem existir nada nos autos", afirmou."O objetivo é fazer a denúncia para vazar para a imprensa e massacrar a imagem de Frederick Wassef", completou.
O advogado do acusado, Cleber Lopes, também se posicionou. "A defesa de Frederick Wassef está perplexa com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, pois havia diligências pendentes no inquérito, que eram, como de fato são, absolutamente relevantes para o esclarecimento da verdade, as quais mostrariam sua inocência (do réu). Isso viola a garantia constitucional de defesa, pois o inquérito não pode ser apenas um instrumento que busque incriminar alguém. Iremos aos tribunais para resgatar a Constituição", enfatizou, em nota.
"Você é uma macaca"
O MPDFT relata que, em outubro de 2020, Wassef esteve na Pizza Hut do shopping Píer 21 e teria dito à garçonete: "Não quero ser atendido por você. Você é negra, tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido". Na sequência, o advogado teria segurado o braço da vítima e a arrastado até o balcão da cozinha do estabelecimento.
No mês seguinte, Wassef retornou ao restaurante. Novamente, teria ofendido outra atendente. Ele disse, segundo a denúncia, que a pizza estava "uma merda". Em seguida, perguntou se a funcionária havia comido a refeição. Insatisfeito com a resposta negativa, o acusado teria respondido: "Você é uma macaca. Você come o que te derem".
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