Gilmar: regime fomenta crises

Correio Braziliense
postado em 22/02/2022 00:01

Ao decidirem pela greve em assembleia, integrantes das forças de segurança de Minas Gerais alertaram que só suspenderão a paralisação apenas quando o governador Romeu Zema (Novo) enviar, à Assembleia Legislativa, projeto de lei (PL) para viabilizar o reajuste. A tendência é que, ainda nesta semana, policiais civis, militares, agentes penais e trabalhadores socioeducativos façam reuniões internas.

O ato começou na Praça da Estação, no Centro da capital mineira. De lá, os participantes da passeata marcharam rumo à Praça da Assembleia, na Região Centro-Sul; depois, partiram para a Praça Sete. Os manifestantes seguravam cartazes cobrando a recomposição inflacionária e repudiando o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), programa anunciado pelo governo como medida saneadora para aliviar as finanças.

A reportagem do Estado de Minas flagrou armas no coldre de alguns manifestantes, embora a Constituição Federal afirme que policiais não podem portar revólveres em manifestações. Organizadores do protesto de ontem estimaram a presença de mais de 20 mil pessoas nas ruas de Belo Horizonte.

Em novembro de 2019, representantes das forças de segurança, integrantes do governo estadual e deputados assinaram acordo sobre a recomposição salarial. O pacto previa a reposição das perdas inflacionárias em três parcelas: 13% foram repostos em julho de 2020; em setembro de 2021, seriam acrescidos mais 12%; a última parcela, também de 12%, estava prevista para setembro deste ano.

Alegando inconstitucionalidade, o governador Zema vetou o segundo e o terceiro reajustes. Apenas a primeira fatia, de 13%, entrou na conta dos agentes.

Greve ilegal

Ontem, o político do Novo, aliás, foi o alvo preferido dos agentes. Eles percorreram o Centro de BH sob o som de gritos de ordem como "Se o Zema não pagar, a polícia vai parar". Ele e o secretário-geral de Governo, Mateus Simões, tiveram os rostos retratados em caixões simbólicos. As urnas funerárias que os "representavam" chegaram a ser chutadas e vilipendiadas pelos mais exaltados.

A Constituição Federal impede que policiais militares e componentes das Forças Armadas façam greve. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) estendeu o veto a policiais civis. Em meio às incertezas que rondam a legalidade do movimento em alguns setores da segurança, os agentes pensam em soluções alternativas. Na Polícia Militar, por exemplo, uma das possibilidades é a chamada "operação padrão".

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