CONGRESSO

No Congresso, Bolsonaro ataca Lula, acena ao Nordeste e diz respeitar harmonia entre os Poderes

Pacheco abriu o discurso pedindo um minuto de silêncio pelas mais de 628 mil mortes pela covid-19 no país

De máscara, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quarta-feira (02/02) da sessão de abertura dos trabalhos do ano legislativo no Congresso. O chefe do Executivo chegou acompanhado da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e do ministro da Economia, Paulo Guedes em um recado de que no último ano de governo, as pautas econômicas e políticas precisarão andar juntas. Bolsonaro sentou-se entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira, junto ainda do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Durante a leitura tradicional da mensagem presidencial, na qual aponta as prioridades do ano, Bolsonaro falou sobre as conquistas e aprovações de sua gestão, destacou a compra de vacinas pelo governo afirmando que "todos aqueles que assim o desejaram, conseguiram a sua vacina". Ele sinalizou ao agronegócio ao falar da liberação da posse de arma de fogo.

"Com o apoio do governo federal, o nosso produtor rural seguiu como protagonista na produção de alimentos, tanto para dentro como para fora do Brasil. O produtor tem direito hoje à posse de arma de fogo em toda sua propriedade para poder trabalhar e proteger seu patrimônio em segurança. Obrigada aos senhores pela aprovação", completou em agradecimento aos parlamentares.

"Alcançamos a marca histórica de mais de 238 mil títulos de terras entregues de assentamentos de reforma agrária e em áreas de regularização fundiária. O homem do campo, esse assentado deixou de ser escravizado de um governo de plantão, hoje eles tem o título de sua propriedade, algo que ficará como herança para seus filhos e netos", continuou.

Bolsonaro também acenou ao Nordeste, afirmando que no começo da próxima semana irá à região para entrega do Eixo Norte do projeto de integração do Rio São Francisco.

"Chamo a atenção dos nordestinos para a conclusão do chamado Caminho das Águas do Eixo Norte do projeto de integração do rio São Francisco levando segurança hídrica aos brasileiros. Mais de uma década após o início desse empreendimento,as obras físicas necessárias foram finalmente entregues à população nordestina, um duro golpe na indústria da seca. Nos próximos dias 8 e 9 estarei no Nordeste com Marinho fazendo essa entrega onde convido em especial, nossos parlamentares do Nordeste".

O presidente destacou o trabalho das forças policiais em relação à apreensões e fez ainda afagos. "Rendo minhas homenagens a nossa valorosa Polícia Federal e também valorosa Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os trabalhos prestados por essa instituições são realmente fantásticos".

Na mensagem, Bolsonaro disse respeitar a harmonia e a independência entre os poderes e, por fim, fugiu do script divulgado à mídia e adicionou ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal opositor político nas eleições deste ano, que aparece ainda na liderança das pesquisas eleitorais e já defendeu a regulação da mídia e a revogação da reforma trabalhista.

"Nunca virei aqui neste parlamento pedir para a regulação da mídia e da internet. Eu espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro poder. A nossa liberdade acima de tudo. Também nunca virei aqui para anular a reforma trabalhista aprovada por este Congresso. Afinal, os direitos trabalhistas continuam intactos no art. 7º da Constituição. Sempre respeitaremos a harmonia e independência dos Poderes. Contamos uma vez mais com os senhores para a implementação dos projetos que o Brasil necessita", bradou.

"Reiteramos o nosso compromisso com o Brasil e reafirmamos o nosso objetivo de construir um país mais justo, próspero e voltado ao cidadão. Reafirmo, me sinto hoje parlamentar aqui também. Não deixemos que qualquer um de nós, quem quer que esteja no Planalto Central, ouse regular a mídia. Não interessa porque e por qual intenção e objetivo. A nossa liberdade, a liberdade de imprensa garantida em nossa Constituição não pode ser violada ou arranhada por quem quer que seja nesse país”, concluiu.

Ontem, Bolsonaro não participou da sessão de abertura do ano do Supremo Tribunal Federal (STF) e enviou ao presidente da Corte, Luiz Fux, uma justificativa por escrito, informando que cumpriria agenda sobrevoando cidades atingidas pelas fortes chuvas em São Paulo.

Mais cedo, durante evento sobre a mudanças na prova de vida do INSS ocorrido no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo afirmou que atua para que o Brasil não se converta numa ditadura e criticou que há pessoas de outros Poderes "conscientes", mas que, a respeito de uma minoria, "não sabe o que pensam".

Sem citar nomes, Bolsonaro então completou que cada vez mais exigirá que "o outro lado jogue dentro das quatro linhas da Constituição".

No evento do Congresso, Pacheco abriu o discurso pedindo um minuto de silêncio pelas mais de 628 mil mortes pela covid-19 no país.