O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) apresentou à Câmara dos Deputados um requerimento para que o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, esclareça a compra de 35.320 comprimidos de Viagra para as Forças Armadas. Mas esse não foi o único medicamento comprado: também foi feita licitação para a obtenção de Minoxidil e Finasterida, que servem para o combate à calvície.
Os dados da compra dos remédios estão disponíveis no Portal da Transparência e no painel de preços do governo federal. No caso do Viagra, de acordo com o levantamento do deputado, foram oito processos de aquisição aprovados desde 2020. O medicamento, porém, aparece com o nome Sildenafila — nomenclatura genérica — nas dosagens de 25mg e 50mg.
O parlamentar solicitou ao Ministério da Defesa explicação sobre os pregões. "Tudo indica que o governo Bolsonaro ainda comprou acima do preço de mercado. O brasileiro está amargando um reajuste terrível no valor de medicamentos e faltam remédios para doenças crônicas nas unidades de saúde. Enquanto isso, o governo está gastando para atender as Forças Armadas com Viagra", criticou Vaz.
O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) pedirá ao Ministério Público Federal (MPF) que apure os indícios de superfaturamento na compra — cujo diferença, segundo Vaz, pode chegar a 143%. Das 35.320 mil doses de Viagra, mais de 28 mil foram destinadas à Marinha. Outros 5 mil comprimidos foram para o Exército e 2 mil, para a Aeronáutica.
A Marinha e a Aeronáutica informaram que as licitações de compra do Viagra são destinadas ao tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), "uma síndrome clínica e hemodinâmica que resulta no aumento da resistência vascular na pequena circulação, elevando os níveis de pressão na circulação pulmonar". Segundo a Marinha, a doença "pode ocorrer associada a uma variedade de condições clínicas subjacentes ou a uma doença que afeta exclusivamente a circulação pulmonar" e que se trata de um problema grave e progressivo, "que pode levar à morte". O Exército não se manifestou.
Já no caso do Minoxidil e da Finasterida, foram realizados oito pregões por unidades ligadas aos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, segundo dados do Portal da Transparência e do Painel de Preços do governo federal. Porém, o gasto com os remédios contra a perda de cabelo foi pequeno: R$ 2,1 mil entre 2018 e 2020.
Há poucos dias, Elias Vaz denunciou a compra de mais de 1 milhão de quilos de picanha, filé mignon e salmão, além de cerveja, conhaque e uísque 12 anos, entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, na gestão do então ministro da Defesa, Walter Braga Netto — cotado para ser o vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro que concorrerá à reeleição. (Colaborou Raphael Pati)
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