Parâmetroscontestados

Correio Braziliense
postado em 19/04/2022 00:01

Os parâmetros macroeconômicos do PLDO de 2023 preveem crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, acima das estimativas mais otimistas do mercado, de 1%. E, para 2023, a projeção para o PIB é de alta de 2,5%, bem acima das estimativas do mercado, que estão cada vez mais perto de 1% e, em alguns casos, como na previsão da SulAmérica Investimentos, indicam queda de 0,7%.

"Os parâmetros estão muito fora da realidade e acabam superestimando a receita e as despesas", destacou a economista Juliana Damasceno, da Tendências Consultoria. Ela contou que a previsão da Tendências para o PIB deste ano é de variação zero e, para 2023, de alta de 1,3%. "Estamos diante de mais uma peça de ficção e de uma deterioração dos processos orçamentários. Quando olhamos para os parâmetros do PLDO, a credibilidade das projeções é zero", lamentou a especialista, que não vê sustentação para o teto de gastos a partir de 2023, seja qual for o governo eleito.

A equipe econômica prevê alta de 6,7% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2022. Com isso, o salário mínimo estimado do próximo ano é de R$ 1.294, ou seja, um reajuste de R$ 82 em relação ao valor atual. Mas as projeções para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), diante das inúmeras surpresas que vem ocorrendo desde janeiro, estão cada vez mais perto de 8% do que do teto da meta deste ano, que é de 5%.

No projeto de lei, a equipe econômica ainda prevê queda da dívida pública bruta neste ano em relação a 2021, de 80,3% para 79,3% do PIB, e superavit primário nas contas públicas em 2025, de R$ 33,7 bilhões, algo improvável, a não ser que o governo queime os recursos do colchão de liquidez da conta Única do Tesouro, segundo analistas.

"Um saldo positivo nas contas públicas, em 2025, só será possível em um cenário bastante otimista, o que será muito difícil diante dos desafios que o país ainda precisa enfrentar para conseguir", destacou a economista da Tendências. "Um superavit primário, na melhor das hipóteses, só deverá ocorrer entre 2026 e 2027", afirmou um economista de um grande banco. Desde 2014, o governo fecha as contas públicas no vermelho e, pelas estimativas dos técnicos da equipe econômica, haverá rombo fiscal de R$ 27,9 bilhões, em 2024, completando 11 anos de deficits primários consecutivos. (RH)

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