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Lira rebate críticas de Lula

Presidente da Câmara afirma que ataques ao semipresidencialismo resultam de "má fé" e "desconhecimento" do petista

DEBORAH HANA CARDOSO VICTOR CORREIA
postado em 04/05/2022 00:01
 (crédito: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)
(crédito: Zeca Ribeiro/Agência Câmara)

Ao receber o apoio do Solidariedade, na manhã de ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a pauta do semipresidencialismo e as emendas de relator-geral (RP9).

O petista defendeu o esvaziamento do poder conferido a Lira por meio das emendas de relator-geral — criadas em 2019 e em vigor desde 2020. Sinalizou, ainda, que haverá uma campanha pelo engrossamento das fileiras partidárias no Congresso durante a campanha neste ano, a fim de se contrapor ao Centrão.

"Se não elegermos a maioria de deputados e senadores, o atual presidente da Câmara (Arthur Lira) continuará com o poder imperial — porque ele já está querendo criar o semipresidencialismo. Quer tirar o poder do presidente para ficar na Câmara dos Deputados e ele possa agir como se fosse o imperador do Japão", atacou Lula, em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Paulo.

Horas depois, Lira respondeu. Disse que pode ser comparado a um imperador, mas "nunca a um ditador". Ressaltou, ainda, que não conhece o ex-presidente. "O presidente Lula não tem o que falar sobre o deputado Arthur Lira porque ele não me conhece e nunca conversou comigo. Nunca tomou um café, nunca bateu um papo. Nunca tive o prazer ou o desprazer de estar com ele. Então, não costumo falar ou emitir juízo sobre pessoas com quem não conversei", afirmou.

Lira também rebateu as críticas de Lula ao semipresidencialismo e considerou os comentários do petista uma "grosseria" e uma "desinformação". "Ele não pode querer pautar antes de ser eleito ou o que este Congresso vai debater", devolveu. O deputado explicou, ainda, que o Congresso discute a proposta de uma possível implementação somente em 2030.

Lira criticou a comparação com o imperador do Japão ao afirmar que se trata de mais um "ato falho" de Lula. "Ele bateu no primeiro-ministro do Japão, que tem poder no país. Os deputados do PT podem falar sobre isso", reagiu. "Não tenho projeto de longo prazo. Meu mandato de presidente se encerra em fevereiro de 2023 e tenho a possibilidade de me reeleger juridicamente, constitucionalmente. Falar de semipresidencialismo como golpe é desconhecimento ou má informação. Falar de mim sem conhecer, é má fé", criticou.

Em defesa das RP9, Lira disse que a distribuição das emendas deu aos parlamentares mais altivez, tirando-os da humilhação de "discutir o que o estado e o município precisam".

"Se tiver erros, vamos criticá-los, vamos para cima averiguar. Dizer que o Congresso não pode legislar sobre o Orçamento é coisa de quem está anos luz atrás da modernidade de 2022", destacou.

Semipresidencialismo

Para o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), membro do grupo de trabalho criado para discutir o semipresidencialismo na Câmara, a crítica de Lula não é surpresa. "Ele quer o maior poder possível, e essa é a dinâmica do populismo e do PT", comentou.

O deputado Enrico Misasi (MDB-SP) também rebateu o ex-presidente. "O presidencialismo é um modelo defasado, que já passou por diversas crises. Me parece que quem não quer ao menos discutir, tem pretensões hegemônicas", disse.

Coordenador do grupo de trabalho sobre o tema na Casa, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) afirmou que o petista "ainda acredita que o salvador da pátria que concentra poderes imperiais continua consistindo no melhor formato de governança".

Já o deputado Enio Verri (PT-PR) criticou a pauta semipresidencialista. Para ele, esse assunto volta à tona toda vez que Lula aparece bem nas pesquisas de intenção de voto. Ele defende que o sistema de governo defendido por Lira é o preferido das elites porque seria "uma maneira mais barata e com menos votos de dirigir o Brasil".

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