governo

Ataque frontal aos criminosos

Brasil coordenará a criação de força-tarefa com países da América do Sul, cujo objetivo é atacar pesadamente as quadrilhas que controlam o tráfico de drogas e de armas no continente. Estratégia começará a ser traçada em encontro, em junho

Vinicius Doria
postado em 21/05/2022 00:01

O Brasil coordenará a criação de uma força-tarefa internacional com os países da América do Sul para combater o crime organizado que controla o tráfico de drogas e de armas no continente. Ministros da Justiça de Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Uruguai se reunirão em Brasília, em 23 e 24 de junho, para a criação de um fórum permanente de enfrentamento às quadrilhas transnacionais.

A ideia, segundo o ministro da Justiça, Anderson Torres, não é apenas trocar informações, mas integrar serviços de informações e ações policiais nesse enfrentamento. "O crime não respeita fronteiras. Então, de alguma forma, nós precisamos estar juntos, trabalhando no mesmo local, produzindo inteligência, difundindo conhecimento, trocando dados e facilitando as investigações para que a gente possa fazer frente a tudo o que está acontecendo na América do Sul", explicou, ao apresentar o projeto de enfrentamento integrado.

Colaboração

O Brasil apresentará aos países convidados os resultados de um plano de colaboração, quer vem sendo executado desde 2010 com a polícia do Paraguai — a Operação Nova Aliança. Só em 2021, foram apreendidos mais de 5,4 mil toneladas de maconha, que correspondem a 80% de tudo o que foi retido em todo o mundo no ano. O volume foi cinco vezes maior do que o registrado em 2020. E nos primeiros quatro meses deste ano, apenas do lado brasileiro da fronteira com o Paraguai o volume de apreensões soma 137 toneladas da droga.

No combate ao tráfico de armas, o resultado das ações policiais nas fronteiras brasileiras também foi expressivo no ano passado, com o confisco de 2 mil, quase o dobro das apreensões de 2020 (1,3 mil). Nos primeiros quatro meses de 2022, 506 artefatos foram apreendidos em operações policiais.

Mas as retenções recorde indicam só a ponta do problema em um país com quase 17 mil quilômetros de fronteiras secas. Por isso, Torres reforçou a importância de combater as quadrilhas internacionais com inteligência, para rastrear e apreender o dinheiro movimentado pelos grupos criminosos.

"O objetivo é descapitalizá-los. Nosso trabalho de inteligência é todo voltado a identificar essas organizações, levantar bens, patrimônio, como agem, como lavam esse dinheiro. Vamos prender essas pessoas, apreender esses bens, trazer esse dinheiro de volta para (financiar) a repressão ao próprio crime. É o que a gente chama de visão capitalista de combate ao crime organizado: tirar o dinheiro do crime, para ser usado contra o próprio crime", observou.

Torres disse, ainda, que o Brasil vai ser parceiro na formação de policiais especializados no combate ao crime organizado, abrindo instalações de um centro de cooperação policial internacional, que funciona no Rio de Janeiro, para qualificar as forças dos países vizinhos.

"Temos no Brasil uma situação muito peculiar: mais de 16,8 mil km de fronteira seca, uma fronteira muito permeável, de difícil controle. Por isso, a conversa com o Paraguai vai ser diferente da conversa com a Bolívia, com Uruguai, porque são fronteiras muito distintas. Mas é preciso integrar as ações. Precisamos ter mais efetividade para que a gente dê cada vez mais prejuízo a essas organizações criminosas", aposta.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags