Vai sobrar para as emendas

Correio Braziliense
postado em 22/05/2022 00:01
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

O bloqueio de R$ 8,2 bilhões no Orçamento deste ano anunciado pelo governo — e sem ter separado os valores necessários ao reajuste de 5% para o todo o funcionalismo — vai terminar por abocanhar parte dos recursos que deveriam ser destinados às emendas parlamentares. Deputados que já estavam insatisfeitos com o ritmo das liberações, agora estão indóceis. Há quem diga inclusive que, se as emendas forem cortadas, as excelências vão cuidar da própria campanha e Bolsonaro que toque a própria reeleição.

Os parlamentares nordestinos ligados ao presidente da República — e ao presidente da Câmara, Arthur Lira — são os mais preocupados. Eles acreditam que só terão condições de vencer o favoritismo de Lula e aliados na região se conseguirem patrocinar obras e serviços nos municípios. E sem as emendas será difícil.

Se vira aí, Geraldo

A reunião desta segunda-feira para organizar o conselho político da (pré) campanha de Lula servirá ainda para o PT começar a sondar Geraldo Alckmin sobre a obtenção de votos junto ao eleitorado mais conservador. Os petistas estão de olho, especialmente, no interior de São Paulo, onde o ex-governador sempre teve um bom desempenho eleitoral.

Missão impossível

Dentro do PT, há quem avalie que o ex-governador ainda não repassou ao partido e a Lula a "simpatia" que poderia entregar e nem conseguiu convencer o pré-candidato do PSB, Márcio França, a desistir da empreitada em São Paulo. E, a contar pelas declarações de França, não terá recuo de sua candidatura ao governo estadual.

Enquanto isso, entre os acadêmicos...

O seminário internacional promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) mostrou a crise que vivem os partidos políticos no Brasil. João Francisco Meira, da Vox Populi, apresentou os últimos dados, que apontam 70% dos eleitores brasileiros sem a menor simpatia por qualquer partido. O PT desperta empatia de 18%, bem menos que os 32% verificados em 2011, quando Dilma Rousseff estava no primeiro ano de mandato. O MDB alcança 1%, empatado com o PSDB.

Por falar em PSDB...

A autofagia tucana foi apresentada no seminário como o exemplo mais bem acabado dessa crise dos partidos, fruto de algo bem maior que o mundo está vivendo. "Estudiosos dizem que passamos, não só aqui, mas em diversos países do mundo, por uma fase de recessão democrática", disse a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Maria Claudia Buchanieri. "Quando a sociedade perde o elo de identificação com os partidos políticos, isso repercute por igual no modelo de representação, no próprio processo eleitoral e na democracia como um todo", avaliou.

Deu ruim I/ Pré-candidato a governador de Minas Gerais, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (foto) criou um mal-estar no próprio partido ao dizer que o presidente Jair Bolsonaro não tem sequer um ministro mineiro. Esqueceu-se justamente do ministro da Agricultura, Marcos Montes, que é da sua legenda.

Deu ruim II/ Kalil hoje tem carta branca para fechar a aliança com o PT, mas a bancada federal está mais afeita à reeleição de Jair Bolsonaro e, ao não citar Montes, ficará pior.

Por falar em divisão.../ Por todo o país, as alianças eleitorais estão a sabor do freguês. Não por acaso, o PSD caminha para liberar a legenda e deixar que cada um siga com o candidato a presidente que desejar.

E o Toffoli, hein?/ Muita gente ficou intrigada ao ver o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli na "comitiva" de Jair Bolsonaro que recebeu bilionário Elon Musk. Toffoli está embuído da missão de tentar fazer a ponte da pacificação entre o STF e o Planalto. Pelo andar da carruagem, missão impossível. Melhor chamar o Tom Cruise para mais um episódio do personagem Ethan Hunt. Bom Domingo!

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