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Pré-candidata, Tebet promete paridade de gênero em um eventual governo

Pré-candidata à Presidência, Tebet promete paridade de gênero em um eventual governo. Senadora é contra privatizar Petrobras

Vinicius Doria
postado em 26/05/2022 06:00
 (crédito:  Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

"Mulher vota em mulher". Com essa frase, a senadora Simone Tebet apontou o caminho que pretende trilhar para escalar as pesquisas de intenção de votos. A agora pré-candidata oficial do MDB na corrida à Presidência — com apoio formal do Cidadania — ancorou no eleitorado feminino a base do discurso que pretende adotar na campanha. Para se tornar mais popular, intensificará as viagens pelo Brasil e a agenda de entrevistas. Os levantamentos têm demonstrado que a parlamentar é desconhecida por mais da metade dos eleitores que pretendem votar em outubro.

No pronunciamento que fez para abrir a primeira entrevista coletiva após a oficialização do nome dela pelos dois partidos aliados, Tebet usou quatro vezes a expressão "homens públicos" ao se referir às influências que a levaram para a política. Perguntada por que não falou de "mulheres públicas", ela admitiu que faltam figuras femininas de referência. "Espero ser uma delas", disse. E prometeu, se eleita, montar um ministério com paridade de gênero. "Já está no meu programa a criação do ministério paritário entre homens e mulheres. Se tiver 20 ministérios, 10 serão de homens e 10 de mulheres", declarou. "É justo com a minha história e com a história das meninas. A vida inteira nós fomos obrigadas a andar atrás dos homens. Não posso ser eu, neste momento, como mulher, única pré-candidata a não dar esse espaço."

MDB e Cidadania, cujas comissões executivas formalizaram, na terça-feira, o apoio a Tebet como cabeça de chapa do autodenominado centro democrático, aguardam, agora, a decisão do PSDB para colocar a pré-campanha unificada na rua. A senadora se mostrou convencida do apoio tucano, que deveria ter sido definido na terça-feira, mas acabou adiado para a semana que vem por causa das divergências internas da legenda.

A desistência do ex-governador paulista João Doria (PSDB-SP) de seguir na corrida eleitoral fez com que uma ala tucana voltasse a defender candidatura própria, uma reviravolta que poderia implodir a terceira via e que acabou forçando o adiamento da reunião da Executiva Nacional para 2 de junho. "Não tenho dúvidas de que, na semana que vem, nós estaremos com aqueles que sempre foram nossos aliados de primeira hora: homens e mulheres de bem do PSDB", disse a senadora.

Busca por unidade

Divisão interna não é exclusividade do ninho tucano. No próprio MDB de Tebet há alas dissidentes. Algumas têm posições explícitas, como a liderada pelos senadores Renan Calheiros (AL) e Veneziano Vital do Rêgo (PB) e pelo ex-senador Eunício Oliveira (CE), que abrirão palanques para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus estados. Outras ainda operam nas sombras em favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na reunião da Executiva do MDB que ungiu Tebet como candidata da terceira via, o vice-líder do governo na Câmara, Otoni de Paula (MDB-RJ), disse que não seria obstáculo para a aprovação do nome da senadora no partido, apesar de apoiar a reeleição de Bolsonaro. Horas antes, o Correio apurou que ele esteve no Palácio do Planalto para um encontro com o secretário de governo, Célio Faria Junior, em que discutiram a montagem dos palanques regionais bolsonaristas com aval de segmentos do MDB.

"Vim conversar com o ministro Célio o apoio do MDB ao presidente (Bolsonaro) nos estados, especialmente no Sul e no Sudeste. No Nordeste, ainda é muito Lula, né?", afirmou o deputado à reportagem. Para ele, a saída de Doria do jogo favorece a captação de apoios entre os tucanos à reeleição do presidente.

Tebet reconhece as divisões internas da legenda, mas espera que tanto MDB quanto PSDB cheguem unidos às convenções que definirão as candidaturas oficiais. "Não temos a unidade no partido, mas teremos nas convenções", sustentou.

Sobre a polarização entre Lula e Bolsonaro, Tebet não poupou críticas. "São dois lados da mesma moeda, que se retroalimentam com discurso de ódio", ressaltou. Mas se disse à vontade para conversar com todas as forças políticas que prezem "o respeito à democracia", inclusive com o PT. "Não pode haver cadeira vazia no diálogo de defesa da democracia."

Na avaliação dela, a população está "escolhendo o menos pior, e essa não pode ser a eleição dos rejeitados". Sobre o atual chefe do Executivo, a senadora foi incisiva, ao ser perguntada sobre o estilo agressivo dele. "Política não é lugar de grosseria, de palavras chulas", reprovou.

Petrobras

Tebet antecipou posições que constarão de seu plano de governo, coordenado pelo ex-governador gaúcho Germano Rigotto. Ela declarou ser contra a privatização da Petrobras, mas seguirá a cartilha liberal na economia. "Comigo não é oito ou 80. Não tem Estado mínimo ou Estado máximo, tem Estado necessário."

Segundo ela, é preciso facilitar parcerias público-privadas, em especial no setor de logística, um dos gargalos da economia brasileira, para investimentos em rodovias e ferrovias. E defendeu a responsabilidade fiscal: "Está no meu DNA". As propostas que a parlamentar pretende apresentar na área econômica estão sendo coordenadas pela economista Helena Landau. (Colaborou Cristiane Noberto)

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