Guerra aberta entre Lira e Calheiros em Alagoas

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve, por pelo menos 48 horas, a suspensão da eleição indireta para um governo-tampão no estado de Alagoas até o fim do ano. O magistrado é relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 969, de autoria do PP.

As eleições estavam marcadas, originalmente, para a manhã de hoje. O cargo está vago desde que Renan Filho (MDB) renunciou para concorrer a uma vaga no Senado nas eleições de outubro. O vice, Luciano Barbosa (MDB), já havia deixado a função, depois de eleger-se prefeito de Arapiraca, em 2020.

Horas antes, o presidente do STF, Luiz Fux, já tinha suspendido a eleição até que Mendes se pronunciasse.

O impasse sobre o pleito local é mais um episódio da guerra judicial entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que têm seus favoritos ao pleito.

O candidato de Lira é o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), que apoia Bolsonaro para a reeleição neste ano. Já o escolhido do grupo de Calheiros é o deputado estadual Paulo Dantas (MDB), que deve reforçar o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.

Após a decisão de Fux, Lira usou as redes sociais para tripudiar do rival. "A decisão liminar do STF respalda o que os alagoanos desejam: transparência, rito jurídico legal e respeito às instituições e ao povo de Alagoas. O senador Renan Calheiros e seu fantoche vão continuar com a narrativa estapafúrdia de golpe? Ou irá destilar o seu veneno contra o STF?", publicou no Twitter. "No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho (...). A pedra no caminho de Renan sempre foi e será a lei!", alfinetou.

Até o fechamento desta edição, Calheiros não havia se manifestado sobre a decisão, mas, no sábado, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) recusou a suspensão, ele fez provocações a Lira pelas redes sociais. O senador ainda ironizou as vaias sofridas pelo deputado federal durante participação em evento com o presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem o deputado é aliado. "A turma de Arthur Lira (que hoje foi vaiado na ExpoZebu em Uberaba) leva mais um passa-moleque, agora do STJ. Insistem em violar a Constituição, mal-acostumados com o golpismo bolsonarista. Esquecem que ainda há Poder Judiciário para barrar seus arreganhos. Tomara que aprendam", postou. (Com Agência Estado)