No Sul, exaltação às armas

Em mais um aceno ao eleitorado cativo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a enfatizar, ontem, a necessidade de a população andar armada. No discurso que fez na 23ª Feira Nacional da Soja, em Santa Rosa (RS), disse que seu governo "fica muito feliz quando cidadãos de bem compram armas". Ele também fez afagos ao agronegócio ao criticar o Movimento Sem-Terra (MST) e lembrar que as titulações de áreas rurais feitas em sua gestão "trazem as pessoas humildes do campo que, outrora, integravam o MST para o nosso lado".

"Sempre digo que povo armado jamais será escravizado. Esse governo não teme, muito pelo contrário, fica muito feliz quando cidadãos de bem e responsáveis compram uma arma de fogo", exortou. No mesmo discurso, voltou a negar que exista corrupção em seu governo — "acusam, mas nada provam".

No único momento em que falou sobre economia, voltou a criticar a Petrobras, dizendo que o "Brasil não aguenta mais um reajuste" dos preços dos combustíveis. "Temos redutos em nosso governo que sabem que o país não aguenta mais um reajuste de combustível de uma empresa que fatura dezenas de bilhões de reais por ano às custas do nosso povo", acusou.

Mas, entre janeiro de 2019 (início do governo Bolsonaro) e março passado, a Petrobras injetou nos cofres federais R$ 447 bilhões, considerando, além dos dividendos, os impostos e os royalties pagos — segundo relatórios fiscais da companhia. Nesse período, o lucro líquido foi de R$ 200 bilhões. Se a conta considerar o faturamento (R$ 1,16 trilhão), o valor transferido à União corresponde a 38,5% do total. (IS)