Tucanos

Doria mobiliza aliados para desautorizar acordo do PSDB com MDB e Cidadania

Araújo convocou uma reunião extraordinária da Executiva para homologar seu acordo, após receber uma carta de Doria na qual o ex-governador o acusa de tramar um golpe com objetivo de apoiar a pré-candidata do MDB, senadora Simone Tebet

Pré-candidato tucano a presidente da República, o ex-governador paulista João Doria mobiliza seus aliados na Executiva Nacional do PSDB para desautorizar o acordo feito pelo presidente da legenda, deputado Bruno Araújo (PE), com os presidentes do Cidadania, Roberto Freire, e o presidente do MDB, Baleia Rossi, pelo qual o candidato único da chamada terceira via seria escolhido por meio de pesquisas quantitativa e qualitativa.

Araújo convocou uma reunião extraordinária da Executiva para homologar seu acordo, após receber uma carta de Doria na qual o ex-governador o acusa de tramar um golpe com objetivo de apoiar a pré-candidata do MDB, senadora Simone Tebet (MS).

O acordo provocou uma reviravolta na luta interna tucana. O ex-governador Aécio Neves (MG), desafeto de Doria, saiu em defesa do ex-governador paulista e acusou seu sucessor no Palácio dos Bandeirantes, Rodrigo Garcia, de estar por trás da trama para liquidar a candidatura tucana. Aécio apoiou o ex-governador gaúcho Eduardo Leite nas prévias do PSDB, mas agora defende a manutenção da candidatura de Doria, para que a legenda não deixe de ter candidato.

"Sem candidatura própria, o partido morre; mantendo Doria, mesmo que não vá para o segundo turno, teremos um papel a cumprir após as eleições, qualquer que seja o vitorioso", argumenta.

A maior resistência a Doria vem sendo organizada pela bancada paulista, a partir da avaliação de que a candidatura inviabiliza a reeleição de Rodrigo Garcia. Na quinta-feira passada, a divulgação da última pesquisa Genial/Quaest para a eleição ao governo de São Paulo exacerbou as pressões contra Doria das bancadas do PSDB, do Cidadania e do MDB sobre as cúpulas das respectivas legendas.

O ex-ministro Fernando Haddad (PT) lidera ao corrida ao Palácio dos Bandeirantes, com 30% de intenções de votos, seguido pelo ex-governador Márcio França (PSB), com 17%; o ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos), com 10%, e o governador Rodrigo Garcia (PSDB), com 5%. Outros seis pré-candidatos marcaram 1%: Felicio Ramuth (PSD), Elvis Cezar (PDT), Vinícius Poit (Novo), Gabriel Colombo (PCB), Altino Junior ( PSTU) e Abraham Weintraub (PMB).

Coordenador da campanha de João Doria, o ex-deputado Antônio Imbassahy defende Rodrigo Garcia, que estaria cumprindo seu acordo com o antecessor. Segundo ele, o fato de o atual governador não citar Doria, nos seus pronunciamentos e vídeos, seria uma estratégia para se tornar mais conhecido como o administrador de São Paulo.

"Ele precisa focar na gestão do estado, se entrar de cabeça na campanha agora, será mais difícil viabilizar sua candidatura", avalia Imbassahy. Como vice-governador, Garcia foi o principal operador político do governo Doria e acabou sendo o pivô do racha entre os tucanos paulistas, porque sua transferência do antigo DEM para a legenda espanou lideranças históricas, como o ex-governador Geraldo Alckmin, hoje o vice de Lula; o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira, que acabou de anunciar seu apoio ao petista; e José Aníbal, ex-deputado e suplente do senador José Serra. Todos foram presidentes do PSDB.

Justiça Eleitoral

Nos estatutos do PSDB, a Executiva da legenda deve homologar as prévias, mas o estatuto da federação PSDB-Cidadania estabelece que o candidato será escolhido em convenção. Diante das controvérsias, Doria já avisou que vai à Justiça Eleitoral em defesa do respeito às prévias pelo PSDB.

Na reunião de amanhã da Executiva do PSDB, Doria conta com aliados em posições-chave: a primeira vice-presidente, deputada Bruna Furlan (SP); o secretário-geral, Beto Pereira (MS), e o tesoureiro, Cesar Gontijo (SP). Em contrapartida, dois deputados importantes da bancada paulista, Carlos Sampaio e Samuel Moreira, articulam abertamente a retirada da candidatura de João Doria.

A Executiva tem 19 membros efetivos, entre os quais o senador Izalci Lulas, pré-candidato a governador do Distrito Federal. José Serra (SP), Aécio Neves (MG), Tasso Jereissati (CE), Teotônio Vilela Filho (AL), Pimenta da Veig a (MG), Eduardo Azeredo (MG), José Aníbal (SP) e Moema São Thiago, lideranças históricas, são suplentes.

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