Mulher na política

Cármen Lúcia: Desigualdade de gênero também é uma violência contra mulher

Para ministra do STF, baixa porcentagem de ocupação de mulheres em espaços do Judiciário, do Executivo e do Legislativo é descompasso histórico

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), correlacionou a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher durante participação no seminário Mais Mulheres na Política, que acontece nesta segunda-feira (30/5), no Senado Federal. Para ela, as mulheres devem permanecer em movimento para combater as “barbáries” cometidas contra elas.

“Quando eu falo que sofro descriminação porque eu sou quem eu sou, alguém te olha como se fosse menos porque eu sou mulher, sou vista como menos. Não há nada que a gente não possa fazer na comunidade jurídica, não tem sentido sermos tratadas como menores. A desigualdade é uma violência, mas não estamos mais no momento de buscar uma revolução como o movimento de mulheres, nós somos mulheres em um movimento histórico inédito, nós estamos em movimento permanente para que a gente possa vencer essa etapa de barbáries contra a civilização”, declarou.

Segundo ela, “quando vemos todas as denúncias e falas no sentido da violência é bom começar dizendo que é um descalabro que cheguemos a 2022 sem superar isso. Todo ser humano é igual ao outro. A sociedade não caiu do céu, não nasceu do inferno, a sociedade é a que construímos”.

Descompasso histórico

A ministra lembrou que além do Executivo e do Legislativo, no Judiciário também há poucos espaços ocupados por mulheres. De acordo com ela, nos quadros da magistratura menos de 40% são mulheres, e a porcentagem cai para sete quando se trata de mulheres negras. “O que significa dizer que nosso descompasso histórico é enorme. A maioria da população brasileira é negra. Temos a Constituição que garante igualdade, no entanto não temos a efetividade igual de direitos”, detalhou.

O evento no Plenário do Senado tem como objetivo debater e estimular a participação da mulher na política e no processo eleitoral. O crescimento da participação das mulheres dentro do Congresso Nacional começou em 2018, quando se chegou a 15% de cadeiras ocupadas por elas.

Em 2020, o crescimento foi de 12% de mulheres nas prefeituras e 16% nas câmaras municipais. Mesmo que o país tenha 50% do eleitorado e da população de mulheres, o Brasil ocupa a 143ª posição entre 193 países em participação de mulheres na política, segundo ranking da União Interparlamentar (UIP). 

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