Moro embola o jogo no PR

Correio Braziliense
postado em 09/06/2022 00:01

A decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) de negar domicílio eleitoral a Sérgio Moro (União Brasil) abala as articulações eleitorais no estado que é berço da Operação Lava-Jato. Impedido de sair candidato em São Paulo, como pretendia, o ex-juiz terá que disputar votos no Paraná — seu domicílio original — caso decida se candidatar a algum cargo público nas eleições de outubro. Lá, enfrentará antigos aliados do lavajatismo e confrontará a forte base bolsonarista ligada ao governador Ratinho Jr. (PSD), que tenta formar uma ampla frente de apoios a sua reeleição.

Entre as opções do ex-juiz estão a única vaga em disputa para o Senado ou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Em ambos os casos, o embate com aliados será inevitável. Caso decida candidatar-se a senador, o ex-juiz teria que enfrentar seu maior aliado na política, o senador Álvaro Dias (Podemos), que lidera com folga as pesquisas de intenção de votos.

Dias foi uma espécie de padrinho de Moro quando este trocou a magistratura pela política, mas, ontem, evitou comentar a decisão do TRE-SP e as opções que sobraram para o ex-afilhado. Disse que ainda há muito tempo até as convenções partidárias, que vão ocorrer entre o fim de julho e o início de agosto, e que não há motivo para polêmicas agora.

Sobre a relação com o ex-juiz, o senador disse que continua sendo "o maior defensor dele" e que, "depois de tantos anos, não há razão para mudar". O problema é que Dias articula o apoio do Podemos à reeleição de Ratinho Jr., um dos mais vigorosos defensores da recondução do presidente Jair Bolsonaro (PL). O governador está montando uma ampla base de apoios à sua própria reeleição, unindo bolsonaristas e lavajatistas.

Empecilho

O retorno de Moro ao Paraná cria um empecilho ainda maior para o governador atrair o União Brasil para seu palanque. Políticos paranaenses veem como inadmissível uma composição que envolva o ex-juiz porque, desde que deixou o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, tornou-se inimigo político de Bolsonaro.

A outra alternativa para Moro seria tentar uma cadeira na Câmara, que o levaria a buscar votos no mesmo cesto de outro integrante da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, também do Podemos. O partido aposta no ex-procurador da República como principal puxador de votos no estado. Se houver divisão do eleitorado que se identifica com a operação, o partido de Álvaro Dias corre o risco de ver reduzida a expectativa de eleição de uma grande bancada. (VD)

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