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Biden elogia a democracia do Brasil e os esforços para preservar a Amazônia

Bolsonaro enalteceu postura do líder americano e lamentou a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, disse que o Brasil manteve uma posição de equilíbrio

Ingrid Soares
Raphael Felice
postado em 10/06/2022 05:59 / atualizado em 10/06/2022 06:00
 (crédito: Jim Watson / AFP      )
(crédito: Jim Watson / AFP )

A pauta ambiental e a democracia no Brasil foram temas centrais do encontro do presidente Jair Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ontem (9/6), em Los Angeles, na Cúpula das Américas. Os dois assuntos são caros para os norte-americanos. Biden defendeu as instituições do Brasil e elogiou o país pela tentativa de proteger a Amazônia.

Bolsonaro, por sua vez, afirmou que, por vezes, sente a soberania brasileira ameaçada quando o assunto é a floresta. Ele disse, ainda, que chegou ao poder pela democracia e sairá, também, pela via democrática, mencionando novamente a questão do "voto auditável".

A imprensa pôde acompanhar a abertura da reunião, momento em que os presidentes normalmente trocam rápidos cumprimentos. Biden falou por cerca de um minuto e meio, em um discurso protocolar, num encontro que explicitou o incômodo de ambos. "O Brasil é um lugar maravilhoso. Por sua democracia vibrante e inclusiva e instituições fortes, nossas nações são ligadas por profundos valores compartilhados", afirmou.

Biden também tratou da proteção da Amazônia, disse que o Brasil tem feito um bom trabalho para proteger a floresta e afirmou defender que o "resto do mundo ajude a financiar a proteção da área". "Nós todos nos beneficiamos disso." Ele ainda lembrou que já esteve no Brasil por três vezes.

Bolsonaro discursou por cerca de seis minutos. Sobre o pleito de outubro, disse querer "eleições limpas, confiáveis e auditáveis para que não sobre nenhuma dúvida após o pleito". "Tenho certeza de que será realizado nesse espírito democrático. Cheguei pela democracia e tenho certeza de que, quando deixar o governo, também será de forma democrática", ressaltou.

Ao líder norte-americano, Bolsonaro afirmou que o Brasil é exemplo mundial de conservação ambiental e citou que o país pode ser um exportador de energia limpa no futuro. Ele também manifestou que sente a soberania da Amazônia ameaçada.

"O Brasil é um país gigantesco, temos riqueza no coração do Brasil, a nossa Amazônia é maior que a Europa Ocidental, com riquezas incalculáveis, biodiversidade, água potável e fonte de oxigênio. Por vezes, nós nos sentimos ameaçados na nossa soberania naquela área, mas o Brasil preserva muito bem o seu território", frisou. "Dois terços do Brasil são preservados, mais de 85% da Amazônia, também. A nossa legislação ambiental é bastante rígida e fazemos o possível para cumpri-la para o bem do nosso país."

Rússia

O chefe de Estado brasileiro lamentou a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, disse que o Brasil manteve uma posição de equilíbrio e citou a dependência do país dos fertilizantes russos.

"O Brasil ainda é dependente de algumas coisas de outros países. Sempre adotamos posição de equilíbrio. Queremos a paz, e tudo nós faremos para que a paz seja alcançada. Lamentamos os conflitos, mas temos um país para administrar e, pela sua dependência, temos de sempre ser cautelosos", disse.

Brasil e Estados Unidos se distanciaram após as eleições americanas de 2020. Aliado de Donald Trump, Bolsonaro foi o último líder de uma democracia a reconhecer Biden como presidente dos Estados Unidos.

Na última terça-feira, o chefe do Planalto voltou a questionar o resultados do pleito americano, o que provocou resposta da embaixada do país, que reafirmou a legitimidade das eleições.

Ao aterrissar nos EUA, Bolsonaro recuou das críticas. "Não vim aqui tratar das eleições americanas, isso é passado. Todos sabem que eu tinha uma ótima relação com o presidente Donald Trump, mas o presidente agora é Joe Biden, é com ele que converso."

Após a reunião, Bolsonaro elogiou Biden. "Foi excepcional, estou muito feliz. Posso dizer que estou maravilhado com ele. Não estou errando em falar dessa maneira. Ficamos quase meia hora conversando reservadamente", afirmou o presidente à CNN Brasil. "Falamos abertamente sobre Amazônia, depois, reservadamente. (Ele) Concorda conosco. Ela é muito grande. O Brasil é um exemplo para a preservação ambiental do mundo todo." (Com Agência Estado)

 

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