O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, negou, ontem, que tenha conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre a Operação Acesso Pago, durante viagem aos Estados Unidos. Torres classificou como "especulação" a suspeita de que possa ter repassado ao chefe do Executivo informações a respeito da investigação da Polícia Federal sobre o gabinete paralelo do Ministério da Educação (MEC).
"Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem", escreveu Torres, em seu perfil oficial no Twitter.
Foi a primeira manifestação do ministro sobre o caso. Até então, Bolsonaro, Presidência da República e Ministério da Justiça não haviam se pronunciado. Quem falou foi Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Ele disse que Ribeiro usou o nome do presidente "sem consentimento".
O Ministério Público Federal diz haver indícios de que Bolsonaro possa ter interferido ilegalmente na investigação. Por isso, o caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, já que o presidente tem direito a foro especial.
O delegado responsável pelo caso, Bruno Calandrini, diz que houve tratamento privilegiado ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por parte da cúpula da PF. Ele afirmou que não tem autonomia para tocar a investigação.
Preso na operação, Ribeiro relatou a uma das filhas que Bolsonaro contou, em telefonema, sobre um "pressentimento" de que haveria busca e apreensão contra ele. O diálogo foi interceptado pela Polícia Federal, subordinada a Torres.
Aplicativo
Bruno Calandrini desconfia que a ligação que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse ter recebido do presidente Jair Bolsonaro (PL), para alertar sobre a Operação Acesso Pago, tenha sido feita por aplicativo de mensagem para driblar a interceptação telefônica da Polícia Federal.
Em documento enviado à Justiça Federal, Calandrini sugere que a ligação do ex-ministro com o presidente "tenha acontecido por meio de aplicativos de internet como, por exemplo, o WhatsApp". Esses aplicativos usam um sistema de criptografia para proteger as conversas. As ligações também são blindadas, ou seja, não caem na malha fina do grampo telefônico.
A hipótese ganhou força porque o ex-ministro interrompe a chamada com a filha tão logo ela informa que está ligando do "celular normal". "Ah é? Ah, então depois a gente se fala", responde Ribeiro. O comportamento chamou a atenção do delegado, que supõe que eles já estivessem "preocupados com uma possível interceptação telefônica".
O ex-ministro era monitorado com autorização do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, que recebeu o processo depois que Ribeiro deixou o governo.
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