Leite tenta a volta para o Piratini...

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou, ontem, que vai se recandidatar ao governo gaúcho, dois meses e meio depois de se desincompatibilizar do cargo. O anúncio foi feito na sede do estadual do partido, no centro de Porto Alegre.

Leite havia deixado o Palácio Piratini com a expectativa de se laçar à Presidência da República, mas seu caminho ao Palácio do Planalto foi interditado após a formalização do acordo entre tucanos, MDB e Cidadania para uma candidatura única que representasse a terceira via. Entre disputar uma vaga de vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e retornar ao governo gaúcho, ficou com a segunda opção.

"Essa decisão é uma decisão coletiva. Ouvi diversas opiniões, não só a minha. Mudei de opinião, mas não de princípios. É legítimo e benéfico separar o governador do candidato, e eu só concorreria dessa forma", disse Leite, sobre as declarações que dera de que não se recandidataria.

O pré-candidato terá, agora, a missão de articular uma grande aliança tendo o MDB como principal parceiro, em uma espécie de contrapartida ao apoio que o PSDB deu a Tebet como cabeça de chapa da terceira via. O MDB gaúcho está em campanha pela eleição do deputado estadual Gabriel Souza, mas a negociação é para que ele aceite ser o candidato a vice-governador.

Outro parceiro buscado pelo PSDB é o PSD da ex-senadora Ana Amélia, que pretende voltar, em outubro, à Casa à qual pertenceu. Caso a negociação com o MDB não prospere, o PSD pode ser o principal parceiro da candidatura de Leite. Mas a ideia é que os três partidos caminhem juntos.

O tucano também vai tentar atrair de volta o PP, que tem no senador Luís Carlos Heinze o pré-candidato ao governo estadual. O PP integra a base de apoio do governador Ranolfo Vieira Junior, que assumiu o cargo com a desincompatibilização de Leite. O problema é que o senador tem vínculos fortes com o bolsonarismo no estado, o que pode atrapalhar uma aliança no primeiro turno.

Palanques

O Rio Grande do Sul não é um caso isolado nas divergências regionais que envolvem a tríplice aliança nacional. Há problemas em mais da metade dos estados, em que PSDB e MDB caminham separados e, em alguns casos, já comprometidos com outros pré-candidatos à Presidência — como Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL).

Pela complexidade que envolve a montagem dos palanques estaduais, esses conflitos serão tratados diretamente pelos presidentes dos partidos: Bruno Araújo (PSDB), Baleia Rossi (MDB) e Roberto Freire (Cidadania).

PSDB e MDB estão em campos opostos, por exemplo, na Paraíba, em Pernambuco, na Bahia, em Sergipe, no Rio de Janeiro, no Paraná e no Distrito Federal.

Os comandantes da terceira via divulgaram nota para informar que, "nas próximas semanas, a campanha de Simone Tebet irá constituir um conselho político formado por integrantes do MDB, PSDB e Cidadania para a discussão formal dos palanques nos estados".