Futuro político será decidido 'mais adiante'

O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) anunciou, ontem, que o seu futuro político será decidido "adiante" e que vai viajar pelas cidades do Paraná para se "reconectar de uma maneira mais profunda com os anseios da população" antes de decidir qual cargo disputará. As declarações ocorreram uma semana depois de o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) negar a transferência do domicílio eleitoral dele de Curitiba para a cidade de São Paulo.

"No fundo, o meu objetivo primário agora é circular o Paraná, me reconectar com o povo paranaense, e essa decisão (sobre cargo) vai ser tomada adiante, juntamente com o União Brasil, tanto com o nacional como com o Paraná. Acima de tudo, quem vai decidir isso é a população paranaense", ressaltou, durante coletiva de imprensa em Curitiba, da qual participou, entre outros, a esposa do ex-juiz, Rosângela Moro, que será candidata a deputada federal por São Paulo.

A transferência de domicílio eleitoral do ex-juiz foi rejeitada pelo TRE-SP em 7 de julho, por quatro votos a dois. A decisão ocorreu após ação protocolada pelo diretório municipal do PT, que alegou não haver qualquer vínculo de Moro na cidade de São Paulo.

O ex-ministro da Justiça disse, ontem, que "tem seus vínculos" com a cidade e que o requerimento de transferência do domicílio ocorreu a pedido do União Brasil, a favor de um "projeto nacional de resistência". Ele afirmou, ainda, estar "radiante" sobre seu retorno ao Paraná.

"Quis o destino que o TRE decidisse de maneira diferente, e eu voltei aqui ao Paraná. Discordo da decisão, mas eu respeito as instituições. Não sou aquela pessoa que ataca as instituições", destacou. "Contem comigo sempre para ser lutador. Não vou desistir e nada vai me deter nessa busca de transformar o Brasil e fazer história novamente a partir daqui do Paraná", sustentou.

Caso concorra ao Senado, Moro pode disputar com o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), que foi dos defensores da pré-candidatura do ex-juiz ao Planalto pelo Podemos. Questionado sobre isso, Moro frisou que o parlamentar é uma pessoa a quem respeita. "Tampouco ele está decidido se vai ou não concorrer ao Senado. Então, acho prematuro", minimizou.

Por outro lado, se decidir tentar uma vaga na Câmara, ele concorreria com o ex-procurador Deltan Dallagnol, com quem atuou durante a Operação Lava-Jato. Moro também negou qualquer tipo de conflito e destacou que há "várias vagas".

Indigenista

Na coletiva, Moro foi questionado sobre a exoneração do indigenista Bruno Pereira da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2019. O órgão é subordinado ao Ministério da Justiça, chefiado à época pelo ex-juiz. Bruno está desaparecido no Vale do Javari, no Amazonas, desde 5 de junho, com o jornalista britânico Dom Phillips. "Essa decisão não passou por mim", ressaltou Moro.

Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista foi demitido da Funai sem qualquer justificativa, após coordenar uma operação que expulsou garimpeiros da terra indígena Yanomami, em Roraima.

"Espero realmente que eles sejam encontrados com vida. Minha solidariedade à família. Acho que é um evento trágico e espero que os responsáveis sejam encontrados e punidos", frisou.