Eleições Líder português dá pouca importância à suspensão do encontro, pelo brasileiro, por causa da reunião que terá com Lula: "(Se) Não é possível, ninguém morre"

Sousa ironiza cancelamento de almoço por Bolsonaro

Vicente Nunes Correspondente
postado em 03/07/2022 00:01
 (crédito: Marcos Correa/AFP)
(crédito: Marcos Correa/AFP)

Lisboa, Portugal — O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, desembarcou ontem no Rio de Janeiro disposto a se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, motivo que levou o presidente Jair Bolsonaro (PL) a cancelar o almoço que ele teria, amanhã, com o líder português. Sem parecer incomodado, recorreu à ironia para analisar o desconvite.

"O almoço é uma questão que não constava no primeiro programa da ida ao Brasil. É possível o almoço, tudo bem. (Se) Não é possível, ninguém morre", ironizou o presidente pouco antes de embarcar para o Brasil. Sousa viajou ao Brasil para comemorar o centenário do primeiro voo pelo Atlântico feito por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, realizado em 1922 para comemorar os 100 anos da independência do Brasil.

Segundo o presidente, partiu de Bolsonaro o convite para que eles se encontrassem. Sousa já tinha agenda no Brasil e decidiu estender por mais um dia para o compromisso para almoçar com o brasileiro.

A ida dele a Brasília, por sinal, exigiria uma logística interna. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) teria que deslocá-lo da capital do país para que ele pudesse embarcar em outra cidade, provavelmente Recife, de volta a Portugal.

"Quem convida para almoçar é que decide se quer almoçar ou não", afirmou Sousa. Ele disse entender o contexto político brasileiro, mas lembrou que, no ano passado, esteve no Brasil e conversou com ex-presidentes brasileiros e, ainda assim, Bolsonaro o chamou para um almoço. "Portanto, há um paralelo na situação", frisou. Além de Lula, o líder português ainda conversará com os ex-presidentes Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso.

Para Sousa, "é evidente que, se o presidente da República do Brasil entende que não pode, não quer, não é oportuno, não entra na sua programação neste momento manter o convite, que, aliás, me mandou por escrito, que o faça. Quem convida tem a palavra de manter ou não o convite", frisou.

Ucrânia

Sousa lembrou que há questões políticas importantes, nas quais Portugal e Brasil têm opiniões divergentes. "Na questão da Ucrânia, Brasil e Portugal tiveram posições diferentes. Portugal é aliado da Ucrânia, o Brasil, não. Essa é uma situação pesada. O almoço, não", enfatizou.

No entender do presidente, porém, nada atrapalha as relações entre os dois países, pois não se trata de pessoas, mas de relações entre povos. Há, segundo ele, mais de 200 mil brasileiros vivendo hoje em Portugal e mais de 1 milhão de portugueses no Brasil. "Temos, portanto, saber o que é fundamental ou não", disse.

Ontem de manhã, Sousa aproveitou o tempo livre para desfrutar da praia de Copacabana. E foi novamente indagado sobre o almoço cancelado. "Não vejo problemas. No Brasil, nunca há problemas. É uma coisa que eu aprendi", disse.

Segundo ele, o avô esteve por aqui, no final do século 19, e levou para a família uma lição que Sousa disse ter aprendido: "No Brasil, o que parece problema não é problema. Só parece", brincou.

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