Para o cientista político Alberto Carlos de Almeida e o geógrafo Tiago Garrido — autores do livro A mão e a luva: o que elege um presidente — as eleições de 2022 serão definidas entre Lula e Bolsonaro. Para os autores, será difícil surgir outro candidato que altere o cenário polarizado da disputa presidencial. Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, ontem, eles avaliam não há mais espaço para um candidato da terceira via chegar ao segundo turno.
"É uma briga de cachorro grande. O que deixa mais difícil alguém furar essa disputa é que, de um lado, tem o presidente da República, uma figura extremamente conhecida que pauta mídia diariamente. Do outro, um ex-presidente que já governou duas vezes o país", disse Tiago Garrido.
Os pesquisadores argumentam que, a partir do estudo de eleições anteriores, é possível chegar a algumas conclusões. Segundo Almeida, as eleições deste ano se assemelham às de 1998, cujo vencedor foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "As semelhanças (com este ano) são um presidente que disputa reeleição, um opositor do PT — novamente Lula — e o terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) — agora e em 1998. Qual a grande diferença: o presidente (em 1998) estava bem avaliado. (Avaliação) ruim e péssima de FHC gravitava em torno de 25%. Ruim e péssima de Bolsonaro ficam em torno de 45% a 50%, ou seja, (uma rejeição) muito maior. Eu chamo isso de sinal trocado, significaria trocar o vencedor", argumentou o cientista político.
Para Garrido, a eleição de 2010, vencida por Dilma Rousseff (PT), pode ser usada como exemplo de assertividade. A alta avaliação positiva do eleitorado em relação ao governo de Lula tornava certa a eleição de Dilma que, um ano antes, estava atrás de José Serra (PSDB) nas pesquisas de intenção de votos.
"Foi praticamente a terceira eleição do Lula, tamanha era a satisfação do eleitorado. Claro, em um contexto de inflação baixa, crescimento acumulado de anos de despesas de consumo das famílias, acesso a bens que nunca tiveram. Esses fatores tornaram a sucessora de Lula quase imbatível, embora, um ano antes, as pesquisas não indicassem", lembrou Tiago.
Alberto Carlos de Almeida também destacou a opinião pública como fator fundamental, expressa no título do livro. "Cada candidato é uma mão, e a luva é a opinião pública. As várias mãos tentam se encaixar nessa luva. Isso serve para as eleições. A mão que melhor se encaixar sairá vencedora", explicou.
No livro, lançado ontem em Brasília, na Câmara Legislativa, os escritores buscaram nas últimas oito eleições presidenciais e nas pesquisas de opinião pública a resposta à pergunta sobre qual candidato tem mais chances de vencer a eleição presidencial de 2022.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Doria
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