Assassinato

Bolsonaro liga para irmãos de petista assassinado e faz criticas à esquerda

O presidente Bolsonaro conversou nesta terça (12/7) com dois irmãos de Marcelo Arruda, assassinado no último domingo (10/7)

Victor Correia
postado em 12/07/2022 23:45 / atualizado em 12/07/2022 23:46
A presidente Gleisi Hoffmann no velório do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado quando comemorava o aniversário de 50 anos    -  (crédito:  CHRISTIAN RIZZI)
A presidente Gleisi Hoffmann no velório do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado quando comemorava o aniversário de 50 anos - (crédito: CHRISTIAN RIZZI)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ligou, nesta quinta-feira (12/7), para a família de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT assassinado em Foz do Iguaçu no domingo (10/7) por um bolsonarista. A conversa foi realizada por vídeo com dois irmãos de Marcelo, chamados Luiz e José de Arruda, que não estavam presentes da festa de aniversário onde o crime ocorreu. 

"[Dizem que] meu comportamento e discurso levam a atos como esse. Em 2016, houve 61 mil mortes violentas no país. No ano passado, caiu para 41 mil. Não justifica essa imputação a mim como se eu fosse o responsável pelo que aconteceu, dos pronunciamentos, etc. Não justifica isso daí", disse Bolsonaro durante a ligação, que ocorreu por intermédio do deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) na casa de um dos irmãos.

O presidente disse ainda aos familiares de Marcelo Arruda que não deixem a esquerda tirar "proveito político" do caso. "Com toda a certeza, a Gleisi [Hoffmann] só foi aí para aparecer", afirmou.

A presidente nacional do PT esteve no velório do petista na segunda-feira (11/7). Marcelo foi assassinado durante sua festa de aniversário, que tinha como tema o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A comemoração foi interrompida pelo policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador declarado de Bolsonaro, que invadiu o salão e atirou contra Marcelo. O petista, por sua vez, revidou e baleou o agressor.

Na ligação com o presidente, os irmãos criticaram o uso político do assassinato pelo PT. "A gente sabe que o ambiente era todo petista. Apareceu lá a Gleisi Hoffmann, que eu tenho pavor, mas como meu irmão é petista eu não vou falar nada", disse Luiz. "O que nós não estamos admitindo, presidente, nessa parte, é a esquerda ficar utilizando o meu irmão como palco de politicagem", afirmou José.

Bolsonaro convidou os dois irmãos para participar de uma coletiva de imprensa em Brasília na próxima quinta-feira (14/7) para comentar o caso. Na ligação, porém, não fica claro se eles aceitaram o convite.

Como mostrado pelo jornal Folha de S.Paulo, porém, o contato com Bolsonaro desagradou parte da família de Marcelo. A viúva do petista, Pâmela Suellen Silva, ficou surpresa com o telefonema e ressaltou que nem Luiz, nem José estavam na festa de aniversário na qual o ataque ocorreu.

Já o filho do militante, Leonardo de Arruda, de 26 anos, criticou as tentativas de responsabilizar Marcelo pelo ataque, sem citar Bolsonaro. O presidente, porém, já chegou a afirmar que o assassinato foi uma "briga entre duas pessoas" e a dizer que Marcelo jogou pedras no carro do agressor antes dos tiros. "O ódio não está em mim, na nossa família. A gente estava comemorando, não foi a gente que procurou isso. Não foi a gente que matou. A gente não odeia ninguém", disse Leonardo.

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