DECLARAÇÃO

Em evento, Bolsonaro restringe família a "um homem, uma mulher e filhos"

Reforçando discurso homofóbico, e em críticas veladas ao PT, o presidente disse que não se pode deixar que "a política de há poucos anos volte no futuro" de "desconstrução da heteronormatividade"

Ingrid Soares
postado em 14/07/2022 16:25 / atualizado em 14/07/2022 17:30
Bolsonaro durante o 38º Congresso de Estadual das Missionárias e Dirigentes de Círculo de Oração da Convenção Estadual das Assembleias de Deus do Maranhão — CEADEMA em Vitória do Mearim (MA) -  (crédito: Reprodução/Facebook/Jair Messias Bolsonaro)
Bolsonaro durante o 38º Congresso de Estadual das Missionárias e Dirigentes de Círculo de Oração da Convenção Estadual das Assembleias de Deus do Maranhão — CEADEMA em Vitória do Mearim (MA) - (crédito: Reprodução/Facebook/Jair Messias Bolsonaro)

Em aceno à base radical, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a repetir comentários homofóbicos nesta quinta-feira (14/07) ao participar do 38º Congresso de Estadual das Missionárias e Dirigentes de Círculo de Oração da Convenção Estadual das Assembleias de Deus do Maranhão — CEADEMA em Vitória do Mearim (MA), com plateia composta essencialmente por evangélicas. O chefe do Executivo caracterizou que família é formada de “um homem, uma mulher e filhos” em detrimento de famílias homoafetivas.

“A família está definida na Bíblia, mas está também na Constituição. Não podemos mudar a nossa sociedade. Somos isso que está aqui, um homem, uma mulher e os seus filhos. É isso que nós queremos. Não podemos deixar que mudem isso em nosso Brasil”, bradou.

Em críticas veladas ao PT, disse que não se pode deixar que “a política de há poucos anos volte no futuro” de "desconstrução da heteronormatividade". Repetiu posicionamento contrário à legalização do aborto no país e defendeu o que chamou de “família tradicional brasileira”. “Não podemos admitir a política da ideologia de gênero. (…) Não podemos admitir que queiram a liberação das drogas. Liberar drogas não é a solução para nada. É a degradação de uma sociedade. Quando vemos pessoas que querem implementar política sobre o aborto, nós não podemos admitir. Se por ventura o aborto passar, o que eu não acredito, eu vetaria. Nós temos que defender a família tradicional brasileira.”

Bolsonaro ainda pediu indiretamente um voto de confiança aos apoiadores. “O que eu peço a vocês: não podemos voltar ao que era antes. Onde uma pessoa defende aborto, defende ideologia de gênero e ataca a família brasileira. Não podemos ter essas pessoas voltando para a política. Todos nós pagaremos um preço muito alto com isso”.

Na vertente econômica, o presidente pregou o barateamento da gasolina. “A pandemia passa como está passando, graças a Deus. Os problemas econômicos, a gente vai resolvendo, como, por exemplo, a questão dos combustíveis. Não é fácil enfrentar Lobby poderosíssimo como o dos combustíveis, um ano de briga da minha parte não cedi, vocês começam a ver resultado a partir de agora, diminuindo preço em todo o Brasil. Maranhão parece que vai ser o último que vai reduzir, devia ser o primeiro porque aqui o povo é mais humilde, é mais necessitado. E o que vem acontecendo é exatamente o contrário”, concluiu.

Em seguida, Bolsonaro cumprimentou apoiadores, tirou fotos e desfilou pelas ruas locais em carro aberto.

Nesta quarta-feira (13/7) à noite em Imperatriz, no Maranhão, Bolsonaro participou da Assembleia Geral Ordinária da Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus do Seta no Maranhão e outros Estados da Federação. Em discurso, defendeu que "o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda" e que "a Mariazinha seja Maria a vida toda".

"O que nós queremos é que o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda. A Mariazinha seja Maria a vida toda, que constituam família, que seu caráter não seja deturpado em sala de aula".

Na mesma data, horas antes, também a um público evangélico, o chefe do Executivo retomou ataques, afirmando que “menino é menino e menina é menina”.

“Viemos também falar de família. Falar que valorizamos a família brasileira, nós respeitamos a família brasileira, respeitamos as crianças em sala de aula. Nós somos contra essa escolinha da ideologia de gênero: menino é menino e menina é menina. Assim quer a nossa população, assim quer as nossas tradições judaico cristãs”.

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