investigação

PT insiste em federalização da investigação do assassinato de petista

Na avaliação da sigla, a conclusão da polícia de que morte de Arruda não teve motivação política prova a necessidade de apuração federal

Victor Correia
postado em 16/07/2022 06:00
 (crédito:  CHRISTIAN RIZZI)
(crédito: CHRISTIAN RIZZI)

Para o PT, a conclusão da Polícia Civil do Paraná sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda corrobora o pedido de federalização da investigação feito pelo partido à Procuradoria-Geral da República (PGR). O tesoureiro da legenda em Foz do Iguaçu foi morto a tiros pelo agente penitenciário Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas o inquérito descartou crime político.

"Ficou evidente que a Polícia Civil do Paraná não quer reconhecer que foi cometido um crime de ódio com evidente motivação política, que tem de ser investigada na alçada da Justiça Federal, como requisitamos à PGR na última terça-feira", afirmou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em vídeo divulgado ontem.

O partido avalia apresentar uma nova manifestação à PGR, com um adendo ao protocolo já realizado na terça-feira que inclua os novos fatos. Gleisi Hoffman classificou como "açodada" e "contraditória" a conclusão do inquérito e disse que o desfecho é "mais um incentivo aos crimes de ódio e à violência política comandadas por (presidente Jair) Bolsonaro no Brasil". "É grande a nossa indignação", enfatizou. "As provas que a própria polícia recolheu mostram que o assassino foi até a festa de Marcelo de caso pensado, para agredir e ofender exclusivamente por motivação política. E, mesmo assim, a delegada do caso quer concluir que a motivação foi pessoal, exatamente a versão que Bolsonaro e seu vice, (Hamilton Mourão), querem impor contra a verdade dos fatos."

Sem citar o resultado do inquérito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou. "Marcelo Arruda era um trabalhador, pai, servidor público no Paraná. Planejou sua festa de aniversário em paz, com sua família. Marcelo é vítima de uma violência que foi contra a democracia", postou no Twitter o pré-candidato à Presidência da República.

O diretório petista do Paraná foi o primeiro a criticar o resultado do inquérito. Em nota, afirmou que o encerramento das investigações "é uma ofensa à família de Marcelo". "Entendemos que as conclusões que constam no inquérito apresentado pela Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública são prematuras e podem levar à interpretação de que o que teria ocorrido com Marcelo seria fruto de uma briga comum, sem motivações políticas", diz um trecho.

Ao Correio, o presidente do PT no Paraná, deputado estadual Arilson Chiorato, questionou a celeridade com que a apuração foi conduzida. "A investigação foi encerrada antes mesmo da missa de sétimo dia de Marcelo. Não estou questionando o trabalho da Polícia Civil, mas vários elementos não foram contemplados nas investigações, mesmo com pedido dos advogados, como os aparelhos eletrônicos, o celular do assassino, que pode ter ligado para alguém antes do crime", ressaltou.

No âmbito estadual, o partido se mobilizou pela criação de uma comissão parlamentar na Assembleia Legislativa para acompanhar as investigações a partir de segunda-feira. Além de Arilson Chiorato, vão compor o colegiado os deputados Tadeu Veneri (PT) e Delegado Jacovós (PL).

"Parece que eles quiseram mais tirar essa marca de crime político do caso do que investigar realmente a motivação", destacou Chiorato. "Ele (Guaranho) não conhecia as pessoas da festa, que outra motivação teria? Ele invade a festa com motivação política, mas na hora de puxar o gatilho não foi político?"

Bolsonaristas

Enquanto a oposição denuncia o incentivo de Bolsonaro à violência, a base governista tenta blindar o presidente. Após a divulgação do resultado do inquérito, aliados do chefe do Executivo foram às redes sociais criticar as alegações de motivação política no assassinato.

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) afirmou que o inquérito "prova que quem tentou levar o presidente Jair Bolsonaro para o meio do caso agiu de má-fé". Já o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, criticou a cobertura da imprensa. "Agora não seria a hora de dezenas e dezenas de horas de esclarecimentos e pedidos de desculpa? Ou é isso ou a parcialidade vai ficar escancarada. Só que o povo não é bobo. E percebe. E, na hora certa, vai falar", enfatizou.

Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) indagou: "Será que aqueles que correram para acusar um bolsonarista de ter assassinado um lulista por motivação política vão agora correr para se retratar?" (Com Agência Estado)

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.