O presidente Jair Bolsonaro disse, na tarde de ontem, que cerca de 40 embaixadores estrangeiros já confirmaram presença na reunião convocada por ele para tratar das urnas eletrônicas. Ele, porém, não mencionou quais seriam esses embaixadores. O encontro está agendado para as 16h no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e servirá para que Bolsonaro repita a tese nunca comprovada de que houve fraude nas eleições de 2014 e 2018.
"Eu abri o convite para todo mundo. A ideia minha inicial era convidar uns 50 (embaixadores). (Mas) Por que vai excluir? Qual o critério para excluir? Tem que ter critério. E aí (vem) quem quer. É convite também", disse Jair Bolsonaro.
O presidente deu a entender que a reunião com embaixadores é uma "resposta" ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin. Recentemente, a Corte Eleitoral fez uma reunião com os representantes das embaixadas para mostrar como funcionam as urnas eletrônicas brasileiras. "Deixar bem claro uma coisa que o Fachin não… levou em conta. Quem trata da política externa é o presidente, de acordo com a Constituição", disse.
Bolsonaro também afirmou que sua exposição será "técnica". "Não vou supor nada. O foco é na transparência eleitoral. Fazer com que uma vez acabando as eleições ninguém duvide da mesma, e o perdedor imediatamente ligue para o ganhador. Essa que é a ideia. Temos mecanismos para praticamente zerar a possibilidade de qualquer interferência, diferentemente do que é dito no inquérito da PF em 2018 por documentos fornecidos pelo TSE", disse o presidente.
Representantes de algumas das principais embaixadas estrangeiras em Brasília, como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Rússia, ainda não confirmaram presença na reunião com Jair Bolsonaro. Outras confirmaram que enviarão representantes, como a da França e a da União Europeia. Há dúvidas na comunidade diplomática sobre quais foram os critérios usados pelo Palácio do Planalto para escolher quais representações estrangeiras seriam chamadas.
Na conversa com jornalistas, Bolsonaro voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes. Ao comentar a ordem do Supremo Tribunal Federal para que ele se manifestasse em ação que o acusa de discurso de ódio e incitação à violência, o presidente disse que o magistrado "quer provocar, não quer diálogo".
"Parece que o espírito de Fidel Castro encarnou em alguém aqui no Brasil. Um magistrado não pode vir com ameaça, tem que agir conforme os autos. Ele quer intimidar quem? O que está buscando? A paz, a tranquilidade, a harmonia entre os Poderes?", declarou em entrevista no Alvorada.
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Não vou supor nada. O foco é na transparência eleitoral. Fazer com que uma vez acabando as eleições ninguém duvide da mesma, e o perdedor imediatamente ligue para o ganhador"
Jair Bolsonaro, presidente da República