Cadeia por ameaça a ministros do Supremo

Correio Braziliense
postado em 23/07/2022 00:01
 (crédito: Redes Sociais/Reprodução)
(crédito: Redes Sociais/Reprodução)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a prisão de um homem que ameaçou os integrantes da Corte e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ivan Rejane Fonte Boa Pinto disse que caçaria a esquerda brasileira e penduraria ministros do Supremo "de cabeça para baixo". Ele foi detido em Belo Horizonte e resistiu à prisão.

O investigado publicou um vídeo nas redes sociais, na última quarta-feira, intitulado "7 de Setembro de 2022". Nele, disse que Lula deve andar "armado até o talo, porque ele e a direita vão caçar ele (sic) e Gleisi Hoffmann", numa referência à presidente do PT. Ele também ameaçou o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) e afirmou que os ministros da Corte devem sair do Brasil.

"Principalmente esses vagabundos do STF. Se eu fosse você, (Luís Roberto) Barroso, (Edson) Fachin, (Luiz) Fux, (Alexandre de) Moraes, (Ricardo) Lewandowski, (Gimar) Mendes, eu ficava (sic) nos Estados Unidos, na Europa, em Portugal. Até Cármen Lúcia, Rosa Weber. Sumam do Brasil", frisou, no vídeo. "Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo. (...) Nós, brasileiros, cidadãos de bens (sic), não toleramos", emendou, seguido de uma sequência de palavrões.

Ivan Pinto foi candidato a vereador em Belo Horizonte em 2020 e teve 189 votos. Ele se apresenta como "terapeuta" para dependentes químicos e mantém um canal no YouTube. No entanto, seus vídeos são repletos de xingamentos e ofensas a políticos de esquerda, a quem ele associa a existência do narcotráfico, e os ministros do Supremo, que, segundo ele, "mandam soltar esses vagabundos".

O delegado Fábio Alvares Shor, da Polícia Federal, encaminhou o material com as ameaças para que o STF adote as diligências necessárias. A corporação entendeu que a conduta "possui risco de gerar ações violentas, diretamente por Ivan Rejane ou por adesão de voluntários". E solicitou sua prisão temporária, a busca e apreensão e o bloqueio das redes sociais.

"Publicações de ameaças contra pessoas politicamente expostas têm um grande potencial de propagação entre os seguidores do perfil, principalmente considerando o ingrediente político que envolve tais declarações, instigando uma parcela da população que, com afinidade ideológica, é constantemente utilizada para impulsionar o extremismo do discurso de polarização e antagonismo, por meios ilegais, podendo culminar em atos extremos contra a integridade física de pessoas politicamente expostas, como visto na história recente do país", argumentou a PF.

Na decisão, Moraes ressaltou que o homem atentou contra o Estado democrático de direito. "Como se vê, as manifestações, os discursos de ódio e a incitação à violência não se dirigiram somente a diversos ministros da Corte, chamados pelos mais absurdos nomes, ofendidos pelas mais abjetas declarações, mas também se destinaram a corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do Estado de direito, contendo, inclusive, ameaças a pessoas politicamente expostas em razão de seu posicionamento político contrário no espectro ideológico", escreveu. (LP)

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