eleições 2022

Organizações vão aos EUA fazer alerta sobre discursos autoritários de Bolsonaro

Entre os organizadores do movimento está o Pacto pela Democracia, uma coalizão de mais de 200 entidades, como Todos Pela Educação, Fundação Tide Setubal, Instituto Ethos, Alana e outros

Luana Patriolino
postado em 26/07/2022 06:00 / atualizado em 26/07/2022 18:41
 (crédito: Andre Pain/AFP)
(crédito: Andre Pain/AFP)

Um grupo formado por 19 representantes de organizações da sociedade civil está em Washington, nos Estados Unidos, para alertar a comunidade internacional sobre a intensificação dos discursos do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral brasileiro e as instituições democráticas.

Entre os organizadores do movimento está o Pacto pela Democracia, uma coalizão de mais de 200 entidades, como Todos Pela Educação, Fundação Tide Setubal, Instituto Ethos, Alana e outros.

Os integrantes da comitiva iniciaram, ontem, uma série de encontros com autoridades e parlamentares que investigam a invasão do Capitólio por parte dos apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump. desta comitiva, participaram: Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos; Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib); Artigo 19; Comissão Arns; Conaq; Conectas; Geledés; Greenpeace Brasil; Instituto Clima e Sociedade; Instituto Galo da Manhã
Instituto Marielle Franco; Instituto de Referência Negra Peregum; Instituto Vladimir Herzog; Nave; Pacto pela Democracia; Transparência Internacional; Uneafro; e 342 Artes. 

Ao Correio, Flávia Pellegrino, coordenadora-executiva do Pacto, que está nos EUA, afirmou que a ida à capital americana faz parte de um conjunto de esforços em prol da democracia brasileira. "O Brasil está vivendo, há anos, um movimento de gravíssima recessão democrática e, agora, o que a gente está vendo é um processo de cunho golpista efetivamente em curso. Não são bravatas apenas, não são especulações", ressaltou. "Passo a passo, Bolsonaro está preparando o terreno para desacreditar o nosso sistema eleitoral, para tumultuar as eleições e criar pretextos para desrespeitar o resultado das urnas, se não for favorável a ele."

Também integram a comitiva o ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi, membro da Comissão Arns; Anielle Franco, diretora do instituto que leva o nome da irmã, Marielle Franco — vereadora do Rio assassinada em 2018; representantes de movimentos sociais, advogados e acadêmicos. O objetivo é obter apoio internacional contra o que chamam de plano golpista.

Reconhecimento

Pellegrino destacou a importância do respaldo de outros países na defesa do processo eleitoral brasileiro. "O reconhecimento internacional vai ser imprescindível para isolar, ao máximo, qualquer tentativa de questionamento da escolha soberana da população brasileira", afirmou. "As agendas aqui são muito relevantes, porque elas vão nos dar a oportunidade de dialogar com atores internacionais e também sociais de um país que, recentemente, passou por episódios muito similares ao que a gente está vivendo hoje no Brasil", acrescentou, ao relembrar a invasão do Capitólio.

O encontro ocorre uma semana depois de Bolsonaro tentar desacreditar o sistema eleitoral numa reunião com embaixadores estrangeiros.

Ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) lançou uma campanha contra a violência política. Nas redes sociais, a Corte divulgou um vídeo que reúne frases de ameaças, alertando que "discurso de ódio não é liberdade de opinião" e que a "liberdade de expressão não é liberdade para cometer crimes".

O material fez referência, também, ao recente caso do terapeuta Ivan Boa Pinto, preso pela Polícia Federal, na última sexta-feira, por ter ameaçado ministros do STF.

No domingo, na convenção do PL, Bolsonaro voltou a criticar magistrados da Corte e convocou apoiadores a irem às ruas, no 7 de Setembro, protestar contra "surdos de capa preta". (Colaborou Rosana Hessel)

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