Os Estados Unidos se manifestaram mais uma vez em defesa da lisura do processo eleitoral brasileiro. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin III, disse, ontem, que tem expectativa de eleições limpas e justas no Brasil, a exemplo do último pleito — realizado em 2020. Essa é a terceira manifestação de um representante americano sobre o sistema de votação.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez apresentação para cerca de 40 embaixadores, no Palácio do Planalto, — na qual atacou, sem provas, as urnas eletrônicas — há um movimento em defesa do sistema eleitoral brasileiro e da democracia.
A Embaixada dos EUA foi a primeira a declarar apoio à Justiça Eleitoral. Divulgou um comunicado no qual afirma que as eleições no Brasil são "modelo" para o mundo. Em seguida, o Departamento de Estado dos Estados Unidos também defendeu o sistema eleitoral do Brasil e ressaltou que o país tem um forte histórico de eleições livres, justas e transparentes.
Lloyd Austin não citou nominalmente as urnas eletrônicas, mas afirmou, em entrevista coletiva, que o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, reiterou o compromisso com a lisura do processo eleitoral.
"Ele [ministro da Defesa brasileiro] estava muito focado em fornecer segurança para garantir que pudessem realizar uma eleição segura e transparente. E então ele está focado nisso, ficou muito claro para mim e, novamente, eu não precisei pressioná-lo. Isso está no centro de suas preocupações", disse Lloyd J. Austin III.
O secretário norte-americano está no Brasil para participar da 15ª Conferência dos Ministros da Defesa das Américas, em Brasília. O evento reúne 34 países das Américas e vai até o dia 29. Além da reunião com Austin, Nogueira tem outras audiências com representantes de Argentina, Colômbia, Equador, Haiti, Honduras, México, Paraguai, Suriname e Uruguai.
Lloyd J. Austin já havia dito que "a democracia é o símbolo das Américas" e que as nações do continente compartilham valores comuns, tais como "compromisso com o estado democrático de direito" e "devoção à democracia".
No discurso oficial, o secretário não citou as eleições no Brasil. Ele ressaltou o impacto da pandemia de covid-19 e acordos entre os países. "Nos últimos dois anos, meu Departamento realizou mais de 630 projetos de assistência humanitária relacionados à covid-19 em nossa região, avaliados em quase US$ 110 milhões. Também fornecemos mais de 70 milhões de doses de vacinas em todo o Hemisfério Ocidental", disse.
"Trabalharemos juntos para construir instituições de defesa transparentes, eficazes e sob o comando de civis. E trabalharemos em parceria com nossos amigos e vizinhos para garantir que esta continue sendo uma região de paz", finalizou o secretário no pronunciamento.
As Forças Armadas foram convidadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para integrar a Comissão de Transparência Eleitoral. No entanto, os militares têm endossado o discurso do presidente Jair Bolsonaro — que questiona a confiabilidade das máquinas de votação.
Durante 26 anos, não houve nenhum questionamento dos militares ao sistema eleitoral. Também nunca foi registrado nenhum registro de fraude nas eleições, desde a implantação da urna, em uso desde 1996.
Grupo nos EUA
Um grupo formado por 19 representantes de organizações da sociedade civil está em Washington, capital dos EUA, desde o início da semana, para alertar a comunidade internacional a respeito da intensificação dos discursos do presidente Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral brasileiro e as instituições democráticas.
Os envolvidos se reúnem com autoridades americanas e parlamentares que investigam a invasão do Capitólio por parte dos apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump.
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