Presidente critica "cartinha" pela democracia

taísa medeiros raphael felice
postado em 28/07/2022 00:01
 (crédito: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)
(crédito: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

Em convenção partidária, ontem, no auditório Nereu Ramos, da Câmara, o PP oficializou a coligação com o PL e o apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Executivo aproveitou para criticar o manifesto em defesa da democracia, lançado pela Faculdade de Direito da USP e que conta com mais de 100 mil signatários (leia reportagem na página 6).

"Não precisamos de nenhuma cartinha para falar que defendemos a democracia, que queremos cada vez mais cumprir e respeitar a Constituição", disse Bolsonaro. "Não precisamos de apoio ou sinalizações de quem quer que seja para mostrar que o nosso caminho é a democracia, é a liberdade, é o respeito a nossa Constituição."

O presidente comentou sobre a sintonia com o Parlamento. "Os poderes Legislativo e Executivo trabalham em perfeita harmonia. Ninguém manda mais do que o outro. Nós somos iguais, e os Poderes têm de se respeitar para o bem de todos nós", declarou.

Bolsonaro chegou ao local acompanhado da esposa, Michelle; do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, além de outros integrantes do governo.

Um dos caciques do PP, Lira quebrou o silêncio sobre a reunião promovida por Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, na qual tentou desacreditar o sistema eleitoral. O parlamentar foi muito criticado por não ter reagido à investida do chefe do Executivo.

"A Câmara fala quando é necessário falar, não quando querem obrigá-la a falar. Eu dei mais de 20 mensagens mundo afora e no Brasil de que sempre fui a favor da democracia e de eleições transparentes. Confio no sistema eleitoral", afirmou Lira. "Não precisa qualquer movimento público ou político fazer com que isso se apresente de maneira sempre necessária. As instituições no Brasil são fortes e são perenes, e não são e nunca serão redes sociais. Não podemos banalizar as palavras das autoridades no Brasil. Não farão isso com a Câmara dos Deputados enquanto eu for presidente", acrescentou.

"Ucranização"

Em entrevista coletiva ao fim da convenção, Ciro Nogueira, outro cacique do PP, defendeu a recondução de Bolsonaro sob o argumento de evitar uma "ucranização" do Brasil. Segundo o ministro da Casa Civil, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for eleito, ficará isolado, pois há estimativa na cúpula do governo de eleger algo em torno de 378 deputados federais aliados a Bolsonaro, o que dificultaria a governabilidade do petista.

"Alguns pensam em 'ucranizar' o Brasil. Colocar um presidente que não tem base eleitoral para fazer as composições, como era no passado, de toma lá, dá cá, de entregar os ministérios de porteiras fechadas, que as estatais voltem a dar prejuízo. Isso não vai acontecer", ressaltou.

Apesar do discurso anticorrupção de Nogueira, o PP foi o partido com maior número de investigações na Operação Lava-Jato (33 políticos). Questionado sobre a participação da legenda em esquemas ilegais, como o mensalão e o petrolão, ele ficou em silêncio e encerrou a coletiva.

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