Eleições 2022

Bolsonaro cancela participação em sabatina na Fiesp no dia 11 de agosto

Um jantar com empresários do Grupo Esfera também foi cancelado. Os encontros ocorreriam na mesma data em que será lançada a "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito", da qual a Fiesp é uma das signatárias

Ingrid Soares
postado em 03/08/2022 17:44
 (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
(crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou, nesta quarta-feira (3/8), dois encontros dos quais participaria na próxima semana em São Paulo, no dia 11: um jantar com empresários do Grupo Esfera e o debate promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que ocorreria na mesma data. A informação foi confirmada ao Correio por membros da campanha do presidente.

Os encontros ocorreriam no dia em que será lançada a "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito", da qual a Fiesp é uma das signatárias. O documento, que já foi ironizado pelo presidente, conta com mais de 700 mil assinaturas de diversos grupos da sociedade, entre juristas, empresários, banqueiros, artistas e civis.

Auxiliares de Bolsonaro avaliaram que seria melhor evitar possíveis constrangimentos caso o presidente fosse convidado na oportunidade a assinar a carta. A sabatina na Fiesp estava marcada para o dia 12 e já havia sido antecipada em um dia a pedido do próprio chefe do Executivo.

A carta não cita nomes, mas traz forte defesa à democracia e ao sistema eleitoral brasileiro. Bolsonaro tomou como um ataque para si próprio e, desde então, tem criticado os signatários.

Culto evangélico e “cartinha”

Nesta quarta-feira, durante culto organizado pela Frente Parlamentar Evangélica no auditório da Câmara dos Deputados, Bolsonaro chamou o manifesto de “cartinha” e alegou que os apoiadores da carta não se posicionaram frente a ações que caracterizou como 'mais duras' durante a pandemia da covid-19, como o fechamento de comércios e igrejas, na tentativa de conter a alta dos casos.

“Vimos, durante a pandemia, as arbitrariedades cometidas por alguns chefes do Executivo pelo Brasil. Retiraram o direito de ir e vir, fecharam igrejas, prenderam mulheres, fizeram barbaridades”, criticou.
“Ninguém falou a palavra democracia. Tudo podia ser feito. Eu, respeitosamente, vocês sabem, fui contra tudo isso. Até quando certos direitos foram suprimidos por alguns prefeitos e governadores, direitos esses, que nem eu, caso tivesse apoio do Parlamento e aprovasse o decreto de Estado de sítio, teria esse poder. Vocês todos sentiram um pouco do que é ditadura e nenhum daqueles que assinam cartinhas por aí se manifestaram naquele momento”, acrescentou.

Ontem, Bolsonaro desqualificou iniciativas da sociedade civil, chamando os signatários da carta de “cara de pau” e “sem caráter”. Ele alegou que o manifesto é apoiado por banqueiros porque eles teriam perdido cerca de R$ 20 bilhões de receita por causa do Pix — sistema de pagamentos instantâneos. E chamou artistas de “desmamados” da Lei Rouanet. À noite, em entrevista ao SBT News, defendeu que a carta tem viés político.

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