O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu mais um passo em direção ao eleitorado evangélico a fim de conquistar os votos desse recorte da população para garantir a cadeira de chefe do Executivo, a partir de 2023. A campanha do candidato informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a criação de perfis em quatro redes sociais destinado ao compartilhamento de conteúdos voltados aos fiéis.
Denominadas Evangélicos com Lula, as páginas foram criadas no Tik Tok, Twitter, Telegram e Instagram, no entanto, ainda não foram feitas publicações. Até o fechamento desta matéria, o único perfil com identidade visual completa foi o criado no Telegram, publicado em 17 de agosto. A imagem de perfil do canal é personalizada: com as cores vermelho e verde — adotadas pela campanha geral — há a frase Evangélicos com Lula e Alckmin.
Sem divulgação iniciada, os perfis ainda não se difundiram entre o público-alvo, que corresponde a 30% do eleitorado total apto a votar neste ano. Desde o início das pesquisas eleitorais do Instituto Datafolha, em março, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, é a preferência destes eleitores.
Na última pesquisa da empresa, publicada na quinta-feira (18/8), o candidato à reeleição cresceu seis pontos percentuais e chegou a 49% das intenções de voto entre os evangélicos. Lula registra 32% da preferência do grupo.
Em nota, a campanha do petista afirmou que a iniciativa de criar um canal exclusivo para evangélicos veio dos próprios fiéis. “Alguns setores evangélicos - tanto dos partidos da coligação quanto de fora dele - nos contataram com interesse em atuar junto a comunidades evangélicas na campanha, e para isso ser possível registramos esses sites e perfis no TSE”, justificaram.
Michelle é porta-voz de Bolsonaro com os fiéis; Lula tem dado atenção a religiosos
A primeira-dama Michelle Bolsonaro, evangélica, tem proferido discursos em cultos com teor religioso sobre a corrida presidencial, a qual classificou como “guerra do bem contra o mal”, como o marido já o fez em outras ocasiões.
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Em 7 de agosto, ao ter a oportunidade de falar durante um culto em Belo Horizonte (MG), ao lado de Bolsonaro, ela afirmou que era “Um momento muito difícil” e que “é uma briga, uma guerra do bem contra o mal”.
“Mas eu creio que nós vamos vencer, porque Jesus já venceu na cruz do calvário”, disse na ocasião. Ela chegou a dizer, ainda, que irá “continuar orando”, porque “por muitos anos, por muito tempo, aquele lugar foi consagrado a demônios”, em referência ao Palácio do Planalto, ocupado nos últimos anos pelos petistas Lula e Dilma e, por último antes de Bolsonaro, Michel Temer.
As declarações de Michelle foram repudiadas pela Frente Inter-Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns, que afirmou que as falas “ferem o Estado Democrático de Direito, violam a legislação eleitoral e promovem a cultura de ódio”.
Lula, por sua vez, afirmou, na terça-feira (16/8), que Bolsonaro estava “possuído pelo demônio”. Neste sábado (20/8), durante comício em São Paulo, o petista defendeu o Estado laico e disse que há pessoas que usam a igreja como “um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”.
“Queria falar sobre a questão religiosa, que está tão na moda agora. Não quero falar de religião, eu quero falar duas coisas para vocês, coisas que eu acredito, e quero dizer olhando nos olhos de vocês. Porque tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio”, afirmou.
Ele acrescentou que “tem gente que não está tratando a igreja para cuidar da fé ou da espiritualidade” e que “está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”. “E quero dizer a vocês: eu, Luiz Inácio Lula da Silva, defendo o estado laico. O Estado não tem que ter religião, todas as religiões têm que ser defendidas pelo estado”, pontuou o ex-presidente.
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