ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro e Lula pedem votos em rede nacional para aliados nos estados

Bolsonaro e Lula estreiam na propaganda eleitoral obrigatória de rádio e tevê pedindo votos para aliados nos estados. No DF, o presidente apareceu no programa de Flávia Arruda, e a primeira-dama, Michelle, pediu voto para Damares

João Gabriel Freitas*
postado em 27/08/2022 06:00
 (crédito:  Reprodução/horário eleitoral)
(crédito: Reprodução/horário eleitoral)

No início da propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na tevê, candidatos aos governos locais lançaram mão dos líderes da corrida presidencial para conquistar votos. Antes de estrearem suas próprias campanhas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) estrearam como padrinhos políticos de diversos aliados pelo Brasil.

No Distrito Federal, Jair Bolsonaro não participou da divulgação de Ibaneis Rocha (MDB) porque o PL não integra a coligação pela reeleição do governador. No entanto, no bloco destinado aos postulantes ao Senado, o presidente foi um dos cabos eleitorais da peça de campanha Flávia Arruda (PL), enquanto a primeira-dama, Michelle, abriu o vídeo da ex-ministra Damares Alves (Republicanos).

 26/08/2022 Crédito: Reprodução/horário eleitoral. Presidente Bolsonaro na estreia do programa eleitoral da Flavia Arruda.
26/08/2022 Crédito: Reprodução/horário eleitoral. Presidente Bolsonaro na estreia do programa eleitoral da Flavia Arruda. (foto: Reprodução/horário eleitoral)

Líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o principal destaque da propaganda de Leandro Grass (PV), candidato ao GDF. Os primeiros 23 segundos da peça promocional foram usados exclusivamente para atrelar Grass ao ex-presidente. Já a candidata do PT ao Senado, Rosilene Corrêa, abriu sua participação conversando ao telefone e dizendo que ela é "a candidata do Lula".

Os demais candidatos ao GDF preferiram não usar as candidaturas presidenciais nos respectivos programas de estreia. Ibaneis Rocha (MDB), que busca a reeleição, e Izalci Lucas (PSDB), ignoraram a candidata Simone Tebet (MDB), assim como Leila Barros (PDT), que não citou o presidenciável do partido dela, Ciro Gomes. O vice-líder nas pesquisas para o GDF, Paulo Octávio, disputa a eleição pelo PSD, que não está vinculado a nenhum nome da corrida presidencial.

Na última pesquisa Correio/Opinião, Lula, com 39% das intenções de voto, e Bolsonaro, com 36,7%, estão tecnicamente empatados na disputa pelos votos do eleitor brasiliense. Ciro Gomes tem 7,2%, e Simone Tebet, 3,1%.

Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) também usaram os candidatos ao Palácio do Planalto como cabos eleitorais de luxo. Na peça do petista, que lidera as pesquisas, Lula e o vice, Geraldo Alckmin (PSB), pedem votos ao aliado.

Para endossar a campanha de Tarcísio de Freitas, o presidente Bolsonaro exaltou qualidades do seu ex-ministro. "Um dos melhores ministros da Infraestrutura que tivemos no Brasil. Estou fechado com o Tarcísio", disse o presidente.

Em Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD) destacou a aliança com Lula, que gravou um depoimento em que diz que vai trabalhar com Kalil por Minas Gerais e pede votos para o candidato. "Eu e Lula vamos fazer Minas Gerais melhor e um país melhor", destaca o candidato na propaganda.

Em Pernambuco, Bolsonaro aparece no vídeo de Anderson Ferreira, do PL. Danilo Cabral (PSB) — quinto lugar nas pesquisas — foi quem mais levou padrinhos famosos para a estreia do horário eleitoral. Além de uma fala Lula, ele exibiu fotos ao lado do ex-governador Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo na disputa presidencial de 2014.

No Rio Grande do Sul, Bolsonaro foi citado e apareceu no clip de Onyx Lorenzoni (PL). Lula apareceu apenas na propaganda de Olívio Dutra, nome do PT ao Senado. O ex-presidente também gravou para Edegar Pretto (PT), que concorre ao governo do estado, mas o programa eleitoral não foi exibido.


Estratégia de comparação dos governos

O horário eleitoral dos candidatos à Presidência começa a ser exibido, hoje, em rádio e TV aberta, com estratégias diferentes. Mas, os dois principais adversários na corrida presidencial lançarão mão do mesmo recurso: a comparação entre os respectivos governos, incluindo denúncias de parte a parte.

Líder nas pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai deixar de mencionar polêmicas ligadas ao presidente, como escândalos de corrupção no atual governo e o caso das "rachadinhas", investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

A campanha de Bolsonaro aposta no antagonismo com Lula e nos escândalos que marcaram a gestão petista, como o Mensalão e a corrupção na Petrobras. Para as pautas conservadores, lançará mão do carisma da primeira-dama, Michelle. A recuperação da economia brasileira também será explorada, assim como apelos ao patriotismo e aos militares.

Para Natália Mendonça, especialista em marketing político da universidade ESPM, a estratégia comparativa é positiva na maioria dos casos, mas as campanhas devem ficar atentas à rejeição. "Fazer comparativos é muito bom na comunicação política. O problema disso é que cada uma das campanhas, ao fazer uma comparação, pode trazer uma ótica diferente para si", ponderou.

"Todo governo tem números bons e números ruins. Então, qual dessas comparações será mais eficiente? A questão é qual das visões vai ser mais compatível com o que está na cabeça do eleitor", analisou Mendonça.

Na campanha de Ciro Gomes (PDT), o argumento continuará sendo o de que ele representa uma alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro. Ciro vem adotando, na internet, uma linguagem voltada aos jovens, e deve manter a linha nos programas de rádio e tevê.

Simone Tebet (MDB), quarta colocada nos levantamentos, aposta suas fichas nas 184 inserções a que ela terá direito na programação. Com uma chapa formada por mulheres (a senadora Mara Gabrilli, do PSDB-SP, é candidata a vice), o foco será reforçar a identificação com o público feminino.

Segundo o cientista político Alexandre Rocha, a campanha eleitoral deste ano mostra uma recuperação da influência das mídias tradicionais. Ele lembra que, em 2018, as redes sociais protagonizaram a campanha, mas, hoje, ele observa um movimento contrário, que pode afetar quem aposta nas mídias não convencionais. "Eles terão uma certa desvantagem. Bolsonaro fez uma campanha fundamentada nisso. Esse cenário não se repete agora, e ele está tentando a mídia tradicional. A rede social fala justamente com aqueles que são seus eleitores, e não com o público amplo." 

*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Doria

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  •  30/11/2021 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF -  Centro de Convenções Brasil 21, filiação do Presidente Jair Bolsonaro ao PL. Ministra Flávia Arruda e o Presidente Jair Bolsonaro.
    30/11/2021 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Centro de Convenções Brasil 21, filiação do Presidente Jair Bolsonaro ao PL. Ministra Flávia Arruda e o Presidente Jair Bolsonaro. Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press
  •  26/08/2022 Crédito: Reprodução/horário eleitoral. Presidente Bolsonaro na estreia do programa eleitoral da Flavia Arruda.
    26/08/2022 Crédito: Reprodução/horário eleitoral. Presidente Bolsonaro na estreia do programa eleitoral da Flavia Arruda. Foto: Reprodução/horário eleitoral