Eleições 2022

Lula no JN: confira três pontos sensíveis que podem ser abordados

O ex-presidente participa nesta quinta-feira (25/8) de sabatina no Jornal Nacional, e deve lidar com questionamentos sobre casos de corrupção e medidas impopulares que defende

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, na noite desta quinta-feira (25/8), de sabatina realizada pelo Jornal Nacional, da TV Globo. A entrevista terá 40 minutos de duração e será conduzida pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. O petista, porém, terá que responder a temas espinhosos que assombram a campanha, como os escândalos passados de corrupção e medidas impopulares defendidas pelo candidato.

Confira abaixo alguns pontos sensíveis para Lula na entrevista:

1. Corrupção

Após ter saído do governo, a imagem de Lula foi manchada por escândalos de corrupção que ocorreram enquanto o petista e a sucessora, Dilma Rousseff (PT), ocupavam o Planalto. O primeiro deles foi o "Mensalão", deflagrado em 2005. Segundo delação do então deputado federal Roberto Jefferson, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, destinava uma mesada de R$ 30 mil para parlamentares que apoiassem o governo.

Além do PT, membros de outros sete partidos estavam envolvidos, como  o PMDB (agora MDB) e o PSDB. O segundo grande esquema foi o "Petrolão", investigado pela Operação Lava-Jato, no qual funcionários da estatal cobravam propina de empreiteiras para fechar contratos superfaturados.

O próprio Lula foi condenado e preso durante 580 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo então juiz Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava-Jato, na ação penal envolvendo um tríplex no Guarujá. Porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) viu irregularidades nas decisões e considerou Moro parcial durante os julgamentos, anulando os processos.

O tema da corrupção é visto como sensível pela campanha do petista devido aos escândalos passados, e ele tem respondido aos questionamentos defendendo que os governos do PT foram os que mais investiram em mecanismos de combate à corrupção, e atacando os casos que apareceram no governo de Jair Bolsonaro (PL), como os pastores do Ministério da Educação.

Tv Globo/Reprodução - Lula esteve duas vezes no Jornal Nacional durante as campanhas de 2002 e 2006

2. Rejeição e Antipetismo

Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente ainda é rejeitado por parcela considerável dos eleitores. Segundo pesquisa Ipespe divulgada em 25 de julho, 43% dos participantes disseram não votar em Lula "de jeito nenhum", contra 58% que não votariam em Bolsonaro. 

O sentimento de antipetismo foi um dos grandes fatores que contribuíram para a eleição do atual presidente em 2018, e continua sendo explorado pela campanha bolsonarista. A estratégia é bater na imagem de Lula ligando-a aos escândalos de corrupção e à defesa de pautas criticadas pelos  eleitores mais conservadores, como o direito ao aborto. Também contribui o tom de "guerra do bem contra o mal" que Bolsonaro vem adotando, especialmente junto ao eleitorado evangélico.

Em ocasiões passadas, Lula já classificou o antipetismo como "bobagem" e classificou o sentimento como uma reação das elites às medidas sociais criadas pelos governos do PT.

Miguel SCHINCARIOL / AFP - Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento de sua campanha para as próximas eleições nacionais em outubro em um comício em uma fábrica de automóveis Volkswagen em São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil, em 16 de agosto de 2022
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Ricardo Stuckert/Divulgação - 30/07/2022. Crédito: Ricardo Stuckert/Divulgação. Brasil. Fortaleza - CE. Lula, Elmano e Camilo participam do ato público Vamos Juntos Pelo Brasil e Pelo Ceará, no Centro de Eventos em Fortaleza.

3. Medidas impopulares

Embora foque a campanha no voto popular, Lula também tem que equilibrar o apoio de diversos setores econômicos ao redor do programa de governo petista. Algumas das medidas previstas, porém, são vistas com maus olhos. 

A principal delas é a revogação do teto de gastos, instituído em 2017 durante o governo de Michel Temer (MDB). Em discursos, Lula chamou medida de "irresponsável" e que visa "garantir interesse do setor financeiro". Especialistas, empresários e investidores, porém, consideram a medida importante para fomentar o investimento externo e controlar a dívida.

A revogação da reforma trabalhista, também de Temer, é outra medida que causa preocupação nos empresários. Em discursos, Lula fala que é preciso recuperar os direitos trabalhistas que foram perdidos após a mudança. Nos bastidores, porém, a campanha de Lula garante a representantes do empresariado que as medidas serão moderadas e que não deve revogar as principais medidas da reforma.

Na entrevista desta quinta-feira, Lula pode ser questionado sobre os diferentes tons que adota junto aos eleitores e setores econômicos, defendendo medidas mais radicais para os primeiros, mas garantindo estabilidade e moderação aos outros.

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