Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentou o rol de apoios entre governadores para a disputa do segundo turno. Desta vez, quem oficializou o aval foram os gestores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do Paraná Ratinho Junior (PSD). Além desses, já fecharam com o chefe do Executivo Cláudio Castro (PL), reeleito no Rio de Janeiro, e Romeu Zema (Novo), reconduzido em Minas Gerais, além de Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado no primeiro turno na busca por novo mandato em São Paulo.
Ibaneis minimizou o apoio da senadora Simone Tebet (MS), do mesmo partido dele, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse ser "isolada" a posição da terceira colocada na corrida pelo Planalto. "Nós temos uma bancada muito forte, que foi eleita agora. O MDB aumentou na Câmara dos Deputados, e essa bancada vem exatamente das pessoas que votaram com o presidente Bolsonaro", frisou, no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro agradeceu ao governador pelo apoio e o chamou de "amigo". Afirmou que as discordâncias entre os dois sobre a pandemia são "coisa do passado". O gestor do DF, por sua vez, defendeu a atuação do presidente na crise sanitária. "Quero deixar bem claro: não faltaram recursos da União, do governo federal para que a gente fizesse todo um trabalho de combate à pandemia, hospitais de campanha, compra de vacinas, compras de medicamentos", destacou. "A gente não tem do que reclamar. O governador que abrir a boca para falar do governo federal no que diz respeito à atuação na pandemia simplesmente não está falando a verdade." No DF, Bolsonaro venceu com 51,65% dos votos, contra 36,85% de Lula.
Aliado do chefe do Executivo desde 2018, Ratinho Junior (PSD) disse que mais de 70% dos prefeitos do Paraná vão atuar na campanha do presidente. Em âmbito nacional, o PSD, que é presidido por Gilberto Kassab, declarou neutralidade e liberou seus filiados para apoiarem qualquer candidato.
"Eu faço aqui, presidente, em meu nome e em nome da nossa população, que, em sua grande maioria, pela segunda vez — na eleição passada já tinha feito isso —, nesta eleição fez da mesma forma no primeiro turno, deu uma esmagadora votação para o senhor, e a ideia é que a gente possa consolidar isso, numa ampliação da votação no segundo turno, ajudando a dar a vitória ao presidente Bolsonaro", disse Ratinho. "Já lhe garanto também, presidente, que mais de 70% dos prefeitos do Paraná vão estar neste segundo turno dedicados a ajudar nesta eleição", emendou. No estado, o chefe do Executivo teve 55,26% dos votos no primeiro turno, contra 35,99% de Lula.
Bolsonaro também pressiona ACM Neto (União Brasil) a endossar sua candidatura. Aliados do ex-prefeito de Salvador dizem, no entanto, que ele deve manter a posição de neutralidade. ACM Neto disputa o governo da Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, contra Jerônimo Rodrigues (PT).
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Parlamentares
Também ontem, Bolsonaro se reuniu com parlamentares eleitos, como as ex-ministras Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS), que ocuparam cadeira no Senado, e a deputada reeleita Bia Kicis (PL-DF). "Hoje, vocês podem ver o perfil dos parlamentares eleitos na Câmara e no Senado, um perfil mais conservador, mais família, mais liberdade econômica. Ou seja, está tudo pavimentado para que a harmonia seja completa entre Executivo e Legislativo, para o bem do nosso querido Brasil", afirmou o presidente. "Um Senado mais centro-direita, que aprovará as propostas que interessem ao Brasil com mais agilidade, e, com isso, teremos uma maior produção legislativa. Todo o Brasil vai ganhar com isso."
Representantes do agronegócio também foram reiterar seu apoio, acompanhados da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina. "Não temos nenhuma dúvida de que foi o presidente que mais deu apoio ao agro brasileiro. Apoio por meio do crédito, de ações de infraestrutura, como a BR do Mar, que foi importantíssima e que o Congresso aprovou", ressaltou a senadora eleita.
Pesquisas
O presidente também voltou a criticar os institutos de pesquisa, devido aos números divergentes entre os levantamentos e o resultado das urnas. "Nós alertamos esses institutos que estão trabalhando, na verdade, para quem os contrata. E não é para fazer uma pesquisa séria. A intenção é interferir na democracia. Falam tanto de atos antidemocráticos. Isso é um ato antidemocrático, esses números abusivos desses institutos de pesquisa, que quase decidiram a eleição presidencial no primeiro turno", reclamou.
Ao lado de Bolsonaro, o ministro da Justiça, Anderson Torres, comentou sobre o inquérito encaminhado na terça-feira à Polícia Federal para que os institutos sejam investigados. "Números muito discrepantes da realidade que se teve nas urnas. (...) Nada melhor do que um inquérito, na Polícia Federal, para esclarecer tudo isso, até para a população brasileira, para que possa exercer seu direito, para que as pesquisas não fiquem direcionando, muitas vezes, questões de voto útil", argumentou.
Em outra frente, no Congresso, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) alcançou as 27 assinaturas necessárias para a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Institutos de Pesquisa. O parlamentar pretendia entregar o requerimento, ainda ontem, para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Mais tarde, em sua primeira transmissão ao vivo nas redes sociais no segundo turno, Bolsonaro falou em "problemas" na apuração dos votos na primeira etapa da disputa e voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que a ministra Cármen Lúcia, da Corte, "faz de tudo para eleger Lula". O presidente ficou contrariado após a magistrada mandar a Polícia Federal definir como pretende apurar a eventual participação do chefe do Executivo no escândalo dos pastores no Ministério da Educação, que contou, até mesmo, com pedido de propina em ouro. (Com Agência Estado)
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